Milhares de libaneses deslocados de aldeias fronteiriças devido a conflito

Mais de 4.200 pessoas foram deslocadas de aldeias do sul do Líbano, devido a confrontos na fronteira com Israel, mas as autoridades locais alertaram hoje que estão mal preparadas para um êxodo maior, em caso de uma guerra total.

Notícia

© Lebanon/Reuters

Lusa
20/10/2023 22:09 ‧ 20/10/2023 por Lusa

Mundo

Israel

Cerca de 1.500 deslocados estão alojados em três escolas na cidade costeira de Tyre, a cerca de 20 quilómetros a norte da fronteira, noticiou a agência Associated Press (AP).

Numa das escolas, as crianças corriam pelo pátio e as mulheres penduravam roupas para secar nas cadeiras, enquanto Mortada Mhanna, chefe da unidade de gestão de desastres dos municípios da área de Tyre, contava que centenas de novos deslocados chegam todos os dias.

Alguns passam a ficar com familiares ou a alugar apartamentos, mas outros não têm para onde ir além de abrigos improvisados, enquanto o governo libanês, sem dinheiro, tem poucos recursos para oferecer.

"Podemos tomar a decisão de abrir uma nova escola [como abrigo], mas se os recursos não estiverem garantidos, teremos um problema", frisou Mhanna, apelando às organizações internacionais para que "forneçam mantimentos suficientes para que, se a situação evoluir, seja possível pelo menos dar às pessoas um colchão para dormir e um cobertor".

O grupo militante xiita libanês Hezbollah e grupos palestinianos aliados no Líbano lançaram ataques diários com mísseis contra o norte de Israel desde o início da última guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro, enquanto Israel respondeu bombardeando áreas fronteiriças no sul do Líbano.

Estes confrontos mataram já pelo menos 22 pessoas no Líbano, quatro destas civis.

Os confrontos esporádicos continuaram hoje, enquanto várias companhias aéreas cancelaram voos para Beirute e num momento em que vários países, incluindo os Estados Unidos, a Arábia Saudita e a Alemanha, alertaram os seus cidadãos para deixarem o Líbano.

Para muitos dos deslocados, as tensões atuais trazem de volta memórias da brutal guerra de um mês entre o Hezbollah e Israel em 2006, durante a qual os bombardeamentos israelitas arrasaram grandes áreas das aldeias no sul do Líbano e nos subúrbios do sul de Beirute.

Caso ecluda outra guerra total entre o Hezbollah e Israel, "até a cidade de Tyre não estará mais segura... porque todo o sul foi alvo de bombardeamentos" em 2006, lembrou Mhanna.

Entre os residentes temporários da escola está Mustafa Tahini, cuja casa na cidade fronteiriça de Aita al Shaab foi destruída em 2006, juntamente com a maior parte da aldeia.

Naquela altura, a ajuda do Qatar e de outros países chegava ao Líbano para a reconstrução, mas desta vez, recordou Tahini.

Agora "só Deus sabe se alguém virá ajudar-nos", vincou.

"Não sou um analista político. Espero que as coisas se acalmem, mas as coisas que vemos nas notícias não são tranquilizadoras", acrescentou.

Um conflito mais amplo também ameaçaria infraestruturas essenciais, incluindo o abastecimento elétrico e, por extensão, o abastecimento de água.

Pelo menos 4.137 palestinianos foram mortos e mais de 13 mil ficaram feridos nos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007, na sequência da guerra que eclodiu em 07 de outubro entre o grupo islamita palestiniano e Israel.

Os bombardeamentos são uma retaliação ao ataque surpresa do Hamas, conduzido em 07 de outubro, que provocou mais de 1.400 mortos e cerca de 4.300 feridos em Israel.

Leia Também: Líbano pode ser arrastado para guerra se Irão decidir, dizem analistas

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas