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Amnistia acusa LAAF de impedir acesso de jornalistas a Derna

A Amnistia Internacional urgiu hoje as Forças Armadas Árabes Líbias (LAAF), grupo armado que controla o leste da Líbia, a levantar as restrições impostas aos jornalistas e a facilitar a entrega de ajuda às comunidades afetadas pelas cheias. 

Amnistia acusa LAAF de impedir acesso de jornalistas a Derna
Notícias ao Minuto

11:28 - 25/09/23 por Lusa

Mundo ONG

A organização não-governamental (ONG) com sede em Londres refere em comunicado que a 18 de setembro, as LAAF aumentaram as restrições impostas aos jornalistas depois dos protestos em Derna.

"Milhares de residentes e trabalhadores voluntários envolvidos em operações de ajuda" manifestaram-se na Praça Sahaba, Derna, para exigirem responsabilidades pela "devastadora perda de vidas" causada pelas inundações catastróficas que se seguiram ao desabamento de duas barragens na cidade no dia 11 de setembro.

Os manifestantes apelaram também ao apoio aos esforços de reconstrução e reabilitação e à demissão dos políticos locais e nacionais.

"Testemunhas (...) relataram à Amnistia Internacional (AI) as detenções de vozes críticas e manifestantes, no meio dos esforços das Forças Armadas para controlarem o acesso aos meios de comunicação social", acusa a organização.

"A perda de vidas e a devastação em Derna e na Líbia são uma tragédia inimaginável, com milhares de pessoas ainda desaparecidas e dezenas de milhares de deslocados. Bairros e famílias inteiras foram arrastados para o mar", afirmou Diana Eltahawy, Directora Regional Adjunta da AI para o Médio Oriente e Norte de África.

"No entanto, em vez de se concentrar em facilitar o acesso humanitário a todas as comunidades afetadas, as LAAF estão a recorrer mais uma vez à bem treinada máquina de repressão para silenciar as críticas, amordaçar a sociedade civil e fugir às responsabilidades", acrescentou.

No mesmo documento, a AI indica que contactou diretamente com residentes de Derna, jornalistas, trabalhadores humanitários, membros da sociedade civil e médicos envolvidos na resposta à crise.

A AI, sublinha que foram "obtidas informações adicionais" também junto de um funcionário das LAAF.

Dois jornalistas líbios disseram à Amnistia Internacional que foram detidos e interrogados pelas autoridades locais no dia 14 de setembro, antes de terem sido obrigados a abandonar a cidade. 

Após os protestos ocorridos em Derna em 18 de setembro, as LAAF ordenaram aos jornalistas que abandonassem a cidade, "revertendo a decisão no dia seguinte", mas dando instruções aos repórteres para não se aproximarem das equipas de salvamento.

Um porta-voz da ONU disse aos jornalistas, em 19 de setembro, que uma equipa da ONU "não estava autorizada a deslocar-se" a Derna, confirmando, no entanto, que as equipas de salvamento e os trabalhadores humanitários presentes em Derna estavam autorizados a continuar a trabalhar.

"Os apelos à responsabilização estão a aumentar entre os sobreviventes e os defensores dos direitos humanos, no rescaldo das inundações, que se seguiram a anos de má governação e de má gestão por parte de governos rivais e ao domínio de milícias e grupos armados que deram prioridade a interesses próprios em detrimento da vida e do bem-estar dos civis na Líbia", diz ainda a AI.

"Comandantes e membros de milícias e de grupos armados suspeitos de terem cometido crimes (...) desde o início do conflito armado de 2011 não só gozaram de total impunidade, como também foram integrados em instituições estatais e receberam financiamento estatal", frisa a ONG.

A Líbia enfrenta um conflito armado e divisões políticas desde 2011, com governos paralelos apoiados por milícias e grupos armados que reivindicam legitimidade.

As LAAF controlam e exercem funções semelhantes às do governo em Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, e em vastas áreas do leste e do sul do país.

De acordo com a AI, está bem documentada "a utilização de táticas brutais pelas LAAF para sufocar a dissidência, restringir a sociedade civil independente e manter o poder de forma férrea".

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