Bielorrussa presa vence prémio de direitos humanos Ludovic-Trarieux
A advogada bielorrussa Yulia Yurguilevitch, condenada em julho a seis anos de prisão no seu país, é a vencedora deste ano do prémio internacional de direitos humanos Ludovic-Trarieux, hoje atribuído em Roma, indicou a organização.
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Mundo Advogada
A Ordem dos Advogados da Tunísia foi, por sua vez, nomeada "Ordem do Ano" por um júri constituído por representantes de uma dezena de ordens e associações de advogados europeias.
Yulia Yurguilevitch obteve mais um voto que Ivan Pavlov, advogado do opositor russo encarcerado Alexeï Navalny, que teve de se exilar em 2021 por temer pela própria vida e pela dos familiares.
A advogada bielorrussa laureada, que defendeu vários prisioneiros políticos, foi condenada a prisão ao mesmo tempo que o jornalista Pavel Majeïka, que trabalhava para um meio de comunicação social da oposição, o canal televisivo polaco gratuito Belsat, anunciou em julho a Associação dos Jornalistas do país.
Ambos foram acusados de "promover o extremismo" na Bielorrússia, país aliado de Moscovo liderado desde 1994 pelo Presidente Alexandre Lukashenko.
A justiça bielorrussa acusou a advogada de ter informado o jornalista de um outro processo penal, o de Ales Puchkin, um artista e preso político que morreu em julho, aos 57 anos.
Vários outros jornalistas do canal Belsat foram já condenados a pesadas penas de prisão.
Yurguilevitch abandonou a Bielorrússia, como fizeram milhares dos seus compatriotas, mas regressou em agosto de 2022 e foi detida.
"O júri [do prémio Ludovic-Trarieux] quis dar a conhecer o sofrimento de centenas de advogados presos por defenderem opositores ao regime do Presidente Lukashenko, ou expulsos da Ordem dos Advogados por presidências controladas pelo Ministério da Justiça e perseguidos por reivindicarem direitos fundamentais de qualquer cidadão num regime democrático", explicou o criador do galardão e presidente do júri, Bertrand Favreau.
Quanto à Ordem dos Advogados tunisina, "nos últimos anos, ela defendeu sem tréguas muitos dos seus advogados arbitrariamente presos por juízes para os impedir de defender os seus clientes num país em crise", sublinhou Favreau.
Criado em 1984, o prémio Ludovic-Trarieux, que tem o nome do advogado fundador da Liga dos Direitos Humanos, em 1898, pretende distinguir anualmente um advogado que se tenha destacado "pela sua obra, atividade ou sofrimento na defesa do respeito dos direitos humanos".
O primeiro laureado foi, em 1985, o opositor sul-africano encarcerado Nelson Mandela, que viria, anos mais tarde, a ser libertado e a tornar-se Presidente da República da África do Sul.
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