Protestos contra Governo continuam na capital da Arménia
Manifestantes antigovernamentais saíram hoje às ruas de Erevan pelo terceiro dia consecutivo para protestar contra a forma como o Governo da Arménia tem lidado com a crise em Nagorno-Karabakh, noticiou a agência francesa AFP.
© Lusa
Mundo Nagorno-Karabakh
Pequenos grupos de manifestantes bloquearam ruas na capital arménia, ameaçando impedir a reunião do gabinete do primeiro-ministro, Nikol Pachinian, prevista para o final do dia.
A polícia prendeu um dos organizadores da manifestação, Andranik Tevanian, da oposição, de acordo com imagens transmitidas por um canal de televisão local.
A contestação começou na terça-feira, depois de o exército do Azerbaijão ter lançado um ataque à região separatista de Nagorno-Karabakh, com uma população maioritariamente arménia.
Os separatistas capitularam 24 horas depois, face à desproporção de forças e à falta de ajuda da Arménia.
Com mediação da Rússia, que mantém uma força de manutenção da paz em Nagorno-Karabakh desde 2020, representantes dos separatistas e de Baku iniciaram negociações na quinta-feira sobre a reintegração do território secessionista no Azerbaijão.
A vitória-relâmpago do Azerbaijão desencadeou grandes manifestações antigovernamentais em Erevan.
Os partidos da oposição acusaram o primeiro-ministro de fazer demasiadas concessões a Baku e pediram a demissão do Governo.
Os líderes da oposição anunciaram a intenção de iniciar um processo parlamentar que force a demissão de Nikol Pachinian.
Os manifestantes pediram também ao Governo que tomasse medidas para ajudar os mais de 100 mil arménios retidos em Nagorno-Karabakh, nomeadamente para que possam viajar para a Arménia.
Pachinian disse hoje que estavam a ser feitos preparativos para acolher cerca de 40 mil refugiados.
O principal objetivo é "garantir que os nossos compatriotas tenham a oportunidade de viver nas suas casas sem medo e em segurança", afirmou, segundo a AFP.
"Há esperança de que a situação humanitária possa melhorar" em Nagorno-Karabakh, disse, acrescentando que a situação está a "evoluir rapidamente".
A agência oficial do Azerbaijão, Azertag, noticiou que Baku enviou 40 toneladas de ajuda para a região e que o presidente Ilham Aliev prometeu que serão garantidos os direitos dos arménios que vivem no território.
Pachinian tem sido contestado desde a guerra de 2020, que permitiu a Baku recuperar o controlo de parte da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh, um território no sul do Cáucaso reconhecido como integrante do Azerbaijão, mas disputado pela Arménia.
Dezenas de manifestantes foram detidos em Erevan na quarta e na quinta-feira quando tentaram forçar a entrada no edifício onde trabalha o primeiro-ministro.
A polícia de choque avisou que iria tomar "medidas especiais" se a violência continuasse.
Na quinta-feira à noite, Pachinian avisou que o Governo "atuará com firmeza, mas de acordo com a lei" contra quaisquer desordeiros.
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