Líder sérvio bósnio afirma que alto representante é "filho de fascistas"
O líder sérvio bósnio, Milorad Dodik, voltou a insurgir-se hoje contra o alto representante internacional da Bósnia-Herzegovina, Christian Schmidt, ao considerá-lo um "filho de fascistas".

© Getty Images

Mundo Milorad Dodik
Na quarta-feira Schmidt inaugurou a ampliação do centro memorial das vítimas de Srebrenica em 1995, quando prossegue a polémica sobre este acontecimento que ocorreu na fase final da guerra civil bósnia.
"Chega um homem que é filho de fascistas e de um povo que cometeu o Holocausto, e vem dar-nos lições?", disse Dodik, o presidente da Republika Srpska (RS), a entidade sérvia bósnia.
"É algo sem importância para nós. Que centro? Que o leve para casa", acrescentou.
O extinto Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ) determinou que as forças sérvias bósnias cometeram um ato de genocídio após a morte de cerca de 7.000 homens e rapazes muçulmanos em idade de combater no decurso e após a conquista de Srebrenica, uma conclusão que continua a ser negada pela generalidade dos sérvios bósnios.
As autoridades sérvias bósnias, e a vizinha Sérvia, não reconhecem o veredicto e têm apresentado relatórios e documentos destinados a contrariar as deliberações do TPIJ.
As relações entre Dodik e Schmidt, um antigo ministro alemão e membro da conservadora União Social-Xristã (CSU), deterioraram-se após a suspensão em abril de 2022 pelo alto representante de uma controversa lei pela qual a entidade sérvia bósnia pretendia apropriar-se de bens do Estado no seu território.
Após o acordo de paz de Dayton, concluído em novembro de 1995 nos Estados Unidos e que pôs termo à guerra civil na Bósnia-Herzegovina (1992-1995) -- que provocou cerca de 100.000 mortos e mais de dois milhões de refugiados e deslocados civis -- a questão da partilha dos bens públicos nunca foi solucionada.
No início de setembro, Dodik anunciou a iminente publicação de um decreto destinado a impedir Schmidt de deslocar-se à entidade sérvia, e com o gabinete do alto representante instalado na capital, Sarajevo, em território da entidade croato-bosníaca.
No entanto, Dodik acabou por recuar após advertências de Washington e Bruxelas, que reafirmaram apoio ao diplomata alemão.
O território da RS representa cerca de 50% do país. A outra metade situa-se na Federação entre croatas e bosníacos (muçulmanos), a segunda entidade legitimada pelo acordo de Dayton.
A ex-república jugoslava continua a confrontar-se com as ambições secessionistas dos sérvios bósnios e uma crescente fratura e afastamento entre os nacionalistas bosníacos muçulmanos e croatas católicos.
Os partidos nacionalistas continuam a dirigir as respetivas entidades, num cenário de profundas divisões étnicas.
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