Nagorno-Karabakh: Principais momentos do mais antigo conflito da ex-URSS
Disputa territorial surgiu entre a Arménia e o Azerbaijão na fase final da URSS e dura desde então - há mais de três décadas.

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Mundo Nagorno-Karabakh
O conflito de Nagorno-Karabakh, o mais antigo do espaço pós-soviético, pode sofrer uma nova escalada no sul do Cáucaso depois de o Azerbaijão ter lançado hoje uma "operação antiterrorista" em resposta a alegadas provocações das forças armadas arménias.
Estes são alguns dos principais momentos da disputa territorial que surgiu entre a Arménia e o Azerbaijão na fase final da URSS e que dura desde então, ou seja, há mais de três décadas.
O início do conflito
Em 1988, durante o processo da 'Perestroika', a região, que pertencia ao Azerbaijão mas era povoada maioritariamente por arménios, anunciou o desejo de se separar do Azerbaijão para se juntar à vizinha Arménia.
No mesmo ano, o parlamento da República Socialista da Arménia aprovou a incorporação do território de Nagorno-Karabakh, medida que nunca chegou a concretizar-se jporque o governo central da URSS bloqueou a decisão.
Escalada em 1992
As tendências nacionalistas no Azerbaijão e na Arménia continuaram a crescer e, em 1992 - um ano depois da queda da União Soviética -, eclodiu uma guerra sangrenta entre as duas repúblicas emergentes pelo controlo de Nagorno-Karabakh.
A guerra durou três anos e causou cerca de 25 mil mortes. Como resultado, o Azerbaijão perdeu o controlo sobre Nagorno-Karabakh e sete distritos adjacentes ocupados pelo lado arménio, que os considerava uma "faixa de segurança".
Já em dezembro de 1991 tinha sido realizado um referendo em Karabakh no qual 99,89% da população votou a favor da proclamação do território separatista como república independente.
No entanto, a autoproclamada república de Nagorno-Karabakh não foi até agora reconhecida por nenhum membro da comunidade internacional, incluindo a Arménia.
O acordo de tréguas
As três partes em conflito - Azerbaijão, Arménia e Nagorno-Karabakh - assinaram em 1994 uma trégua na capital do Quirguistão, Bishkek, sob os auspícios da Rússia.
Simultaneamente, foi criado o Grupo de Minsk para o acordo de Karabakh na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), copresidido pela Rússia, a França e os Estados Unidos.
Apesar de todos os esforços dos mediadores, as partes não conseguiram chegar a um compromisso.
Segundo a Arménia, uma das razões foi o facto de Nagorno-Karabakh ter sido excluído do processo de negociação, o que aconteceu pouco depois da assinatura do cessar-fogo.
Entretanto, o Azerbaijão insistiu que a solução para o conflito passava necessariamente pela libertação dos territórios ocupados, uma exigência que foi apoiada por várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
A "guerra dos quatro dias" de 2016
Após vários anos de relativa calma na linha de separação, foram registados novos confrontos em Nagorno-Karabakh em abril de 2016, o que reavivou os receios de um conflito de grande escala. O conflito foi denominado "guerra dos quatro dias".
Durante essa escalada, pelo menos 300 pessoas de ambos os lados morreram e várias centenas ficaram feridas.
Entre 2016 e 2020, os confrontos entre os dois países começaram a aumentar, não só na zona de Nagorno-Karabakh, mas também na fronteira estatal entre a Arménia e o Azerbaijão.
Durante estes confrontos, que causaram mais de 20 mortes em ambos os lados do conflito, as partes utilizaram não só armas ligeiras, mas também artilharia pesada e aviação.
A guerra de 2020
A segunda guerra de Nagorno-Karabakh começou em 27 de setembro de 2020 com bombardeamentos do Azerbaijão ao longo de toda a frente de Stepanakert (Jankendi, segundo o Azerbaijão), a capital do enclave.
As forças do Azerbaijão conseguiram recuperar centenas de cidades nas regiões controladas pela Arménia e tomaram a cidade de Shusha, perto de Stepanakert.
A guerra, na qual morreram mais de 2.800 soldados azeris e 2.900 soldados arménios, durou até 10 de novembro, quando os esforços de mediação da Rússia conseguiram reunir o Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, e o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinián.
Como parte do acordo, a Rússia estabeleceu um contingente de paz que deveria garantir o cumprimento dos acordos pelas duas partes.
Três anos de tensões
Embora o acordo tripartido tenha posto fim às hostilidades, as tensões entre as partes permaneceram e as negociações para chegar a um acordo de paz continuaram sem sucesso.
O contingente de manutenção da paz russo denunciou repetidas violações do cessar-fogo na área sob o seu controlo.
Somaram-se a isso vários ataques fronteiriços dos quais ambos os lados se acusaram e que provocaram a morte de mais de 200 soldados.
Mas o maior fator de tensão foi o bloqueio imposto em dezembro de 2022 pelo Azerbaijão no corredor de Lachin, que liga o enclave de Nagorno-Karabakh à Arménia, alegando que Erevan o estava a utilizar para extrair ilegalmente recursos naturais do Azerbaijão e fornecer armas à autoproclamada república.
A Arménia acusou o Azerbaijão de genocídio, afirmando que o país estava a tentar matar de fome a população de Karabakh ou forçá-la a abandonar as suas casas.
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