Igreja Católica pede dados sobre detidos desaparecidos no Chile
O arcebispo de Santiago do Chile, Celestino Aós, apelou hoje à entrega de informações sobre os desaparecidos durante a ditadura de Augusto Pinochet e ofereceu a Igreja Católica como mediadora para receber estes dados.
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Mundo Chile
"Irmãos que possuem informações, pedimos-lhes, para o bem dos familiares que sofrem e para o bem de vocês mesmos, que partilhem esses dados", frisou Aós numa liturgia celebrada na Catedral Metropolitana de Santiago, durante as Festas Pátrias.
O arcebispo assegurou que "dói quem vê irmãs e irmãos sofrerem, porque não sabem a verdade sobre os seus familiares detidos ou desaparecidos".
"Da melhor forma, nós, como Igreja Católica, estamos disponíveis para prestar este serviço de receção de informação e entregá-la anonimamente às autoridades", acrescentou a autoridade eclesiástica.
As palavras de Aós surgem uma semana depois da celebração do 50.º aniversário do golpe de Estado, que derrubou o presidente socialista Salvador Allende e deu lugar a uma cruel ditadura de 17 anos.
O regime liderado por Pinochet deixou um registo de mais de 40 mil vítimas, incluindo pelo menos 3.200 opositores assassinados, dos quais mil ainda estão desaparecidos.
O Governo do progressista Gabriel Boric lançou recentemente o primeiro plano nacional de busca de desaparecidos, já que até agora as iniciativas recaíam sobre grupos familiares, grupos de vítimas da ditadura e organizações de direitos humanos.
Boric agradeceu ao arcebispo o apelo e garantiu que a reconciliação do país só é possível com "memória, justiça e verdade".
"Comprometemo-nos institucionalmente a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para saber toda a verdade", acrescentou o Presidente.
O Chile assinalou o 50.º aniversário do golpe imerso numa grande polarização e com uma classe política muito tensa e incapaz de chegar a um consenso sobre a rutura democrática.
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