Larysa Shchyrakova, de 50 anos - condenada num julgamento à porta fechada na cidade de Gomel -, cumprirá a sentença num estabelecimento prisional de alta segurança e terá de pagar uma multa no valor de 3.500 rublos bielorrussos (cerca de 1.000 euros).
As autoridades bielorrussas detiveram-na em dezembro de 2022 e inicialmente colocaram o seu filho num orfanato estatal, antes de transferirem a custódia da criança para o ex-marido da jornalista.
Shchyrakova é a mais recente de uma série de jornalistas encarcerados na Bielorrússia depois de noticiarem a repressão política generalizada em curso no país desde as últimas eleições presidenciais, há três anos.
Protestos em larga escala irromperam na Bielorrússia em agosto de 2020, quando o Presidente, Alexander Lukashenko, foi reeleito num escrutínio que tanto a oposição como o Ocidente consideraram fraudulento.
As autoridades reagiram às manifestações com uma vaga de violenta repressão que resultou em mais de 35.000 detenções e milhares de manifestantes vítimas de agressões físicas.
No julgamento, o Estado acusou Shchyrakova de "recolher, criar, gerir, armazenar e transmitir informação" para o Viasna, o maior organismo de defesa dos direitos humanos da Bielorrússia, bem como para o canal de televisão Belsat -- que transmite em bielorrusso a partir da Polónia.
Tanto o Viasna como o Belsat são considerados organizações "extremistas" pelo Governo bielorrusso.
"O veredicto de Larysa Shchyrakova é mais uma represália [do Governo] com o objetivo de se vingar dos jornalistas", sustentou a Associação de Jornalistas da Bielorrússia (BAJ, na sigla em inglês) num comunicado.
"Shchyrakova é uma repórter profissional com anos de experiência, uma ativista dos direitos humanos e uma figura cultural. Em todo o mundo, este tipo de pessoas é normalmente premiado. Na Bielorrússia, elas são perseguidas -- mas o jornalismo não é um crime", frisou a BAJ.
Também a líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, condenou a decisão judicial, afirmando: "Hoje, os meus pensamentos estão com Larysa Shchyrakova, uma jornalista e mãe".
"Ela foi condenada a três anos e meio de prisão e afastada do filho simplesmente por fazer o seu trabalho. Esta mulher brilhante está a ser mantida como prisioneira política juntamente com mais 32 jornalistas na Bielorrússia. Esta injustiça vergonhosa tem de acabar", defendeu.
De acordo com a BAJ, há pelo menos 33 jornalistas bielorrussos atrás das grades, ou aguardando julgamento ou a cumprir penas de prisão.
O Viasna tem registo de 1.496 presos políticos atualmente na Bielorrússia, entre os quais o distinguido com o prémio Nobel da Paz, Ales Bialiatski.
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