Analistas: Cimeira com EUA, Japão e Coreia do Sul tem China como "alvo"

Analistas chineses alertaram hoje para a formação de uma "NATO em miniatura" na região Ásia Pacifico, nas vésperas da cimeira entre Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, que tem a China como "verdadeiro alvo".

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Lusa
15/08/2023 13:41 ‧ 15/08/2023 por Lusa

Mundo

China

O Presidente norte-americano, Joe Biden, vai receber sexta-feira o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, em Camp David, residência de férias da Presidência norte-americana.

Citado pela imprensa oficial, Li Haidong, professor na Universidade de Relações Externas da China, observou que a reunião trilateral "constitui um passo para a formação de uma NATO em miniatura na região da Ásia-Pacífico" e "mostra como os EUA e os seus aliados fortalecem os laços através da criação de instabilidade, divisão e até crise".

"Os países da região e o mundo inteiro devem estar vigilantes", alertou.

Para o especialista militar chinês Song Zhongping, a cimeira tem como "verdadeiro alvo" a China, apesar de ser apresentada como resposta à Coreia do Norte.

"Uma cooperação militar mais próxima, normalizada e institucionalizada entre os três países vai levar a uma escalada da situação no nordeste asiático e mesmo na região Ásia-Pacífico", advertiu.

A reunião em Camp David coincide com a visita do ministro da Defesa chinês, Li Shangfu, à Rússia.

Li Haidong observou que os "movimentos agressivos" dos EUA e aliados vão tornar-se uma "força motriz" para Pequim e Moscovo "consolidarem e aprofundarem ainda mais" a cooperação estratégica na região e a nível global.

Em editorial, o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, observou que a cimeira "espelha um sentimento de Guerra Fria" e lança a "sombra do confronto entre blocos" na região.

O jornal apontou que Washington quer emitir uma "declaração conjunta histórica", que pode incluir planos para aumentar a dissuasão militar e a cooperação em segurança económica, visando "construir uma cadeia de abastecimento global".

"No passado, devido a conflitos históricos e ressentimentos entre a Coreia do Sul e o Japão, bem como à prosperidade fomentada pela cooperação económica no nordeste da Ásia, era considerado quase impossível alcançar uma cooperação militar trilateral", indicou o Global Times.

A mudança terá ocorrido após a chegada ao poder do líder sul-coreano Yoon Suk-yeol, em 2022.

Sob a governação de Yoon, Tóquio e Seul retomaram as relações diplomáticas e definiram medidas para resolver uma disputa comercial antiga.

Em julho, os três países realizaram um exercício naval conjunto de defesa antimísseis. Os EUA enviaram então um submarino com capacidade nuclear para a Coreia do Sul, pela primeira vez em quatro décadas.

Seul e Tóquio emitiram também declarações conjuntas sobre as tensões no Estreito de Taiwan -- área crucial para o comércio internacional e que Tóquio e Seul dizem ser vital para as suas respetivas seguranças. Isto suscitou a reação de Pequim, que reclama Taiwan como uma província sua.

A reunificação de Taiwan permitiria a Pequim projetar o seu poder na região da Ásia -- Pacífico, devido à localização geoestratégica do território entre os mares do Sul e do Leste da China, no centro da chamada "primeira cadeia de ilhas", reconfigurando a arquitetura de segurança na região.

A reunificação tornou-se um objetivo primordial no projeto de "rejuvenescimento da grande nação chinesa" do líder chinês, Xi Jinping. Nos últimos anos, a China passou a enviar navios e aviões de guerra com frequência quase diária para perto da ilha.

Face às crescentes ameaças da China, o Japão anunciou, no final de 2022, que os seus gastos militares vão duplicar, para 2% do PIB (produto interno bruto) -- um afastamento histórico da sua Constituição "pacifista".

Tóquio suscitou protestos por parte de Pequim após ter implantado baterias de mísseis Patriot em ilhas próximas a Taiwan e ter anunciado que está a considerar a abertura de um escritório de ligação com a NATO.

Este fim de semana, a imprensa japonesa revelou ainda que Washington e Tóquio devem assinar um acordo para desenvolver em conjunto um míssil interceptor, como parte do esforço para conter ogivas hipersónicas desenvolvidas pela China, Rússia e Coreia do Norte.

"Independentemente das circunstâncias, esta cimeira está de facto a empurrar o nordeste asiático para uma nova encruzilhada histórica", apontou o Global Times.

"O surgir de uma aliança militar trilateral vai mergulhar o nordeste asiático numa profunda armadilha de segurança e potencialmente alterará a trajetória do seu desenvolvimento futuro", observou.

"Espera-se que Japão e Coreia do Sul considerem cuidadosamente as suas ações antes de prosseguirem", acrescenta.

Leia Também: Joe Biden vai receber homólogo sul-coreano e primeiro-ministro japonês

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