Ex-rebeldes tuaregues deixam Bamako e agravam fosso com junta no poder

A antiga rebelião tuaregue no norte do Mali ordenou aos seus representantes que deixem a capital, aprofundando o fosso com a junta no poder, que acusa de agir contra o acordo de paz de 2015.

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Lusa
10/08/2023 15:41 ‧ 10/08/2023 por Lusa

Mundo

Mali

Attaye Ag Mohamed, chefe da delegação da Coordenação dos Movimentos Azawad (CMA) em Bamako, disse à agência France-Presse que foi hoje o último a deixar a capital maliana, por instruções da organização.

"A nossa direção considera que já não estamos seguros na capital e que as razões da nossa presença em nome da CMA estão totalmente comprometidas", declarou Attaye Ag Mohamed.

A CMA, uma aliança de grupos independentistas e autonomistas dominados pelos tuaregues que se rebelaram contra o Estado maliano no norte do país em 2012, é uma das partes do acordo de paz de Argel assinado em 2015 com o Governo de Bamako.

A implementação deste acordo é considerada essencial pelos parceiros estrangeiros, enquanto os fundamentalistas continuam a combater o Estado sob a bandeira do grupo terrorista Al-Qaida ou da organização extremista Estado Islâmico, e o país continua mergulhado numa crise profunda.

A partida dos representantes da CMA de Bamako marca uma nova etapa na deterioração das relações entre os antigos rebeldes e o Governo desde a tomada do poder pelos coronéis em 2020, através de dois golpes de Estado sucessivos.

Esta deterioração suscita receios quanto ao acordo, que se encontra ameaçado há vários anos.

Segundo Attaye Ag Mohamed, chefe da delegação dos ex-rebeldes, a CMA considera que a nova Constituição aprovada em junho, submetida pela junta militar, compromete o acordo de Argel.

A CMA controla vastas zonas do norte do país e acusa a junta de tentar tomar o controlo das bases que a missão das Nações Unidas (Minusma) se prepara para abandonar. Essa tomada de controlo seria contrária aos termos do cessar-fogo acordado em 2014, afirmou.

A junta pressionou o Conselho de Segurança da ONU em junho para decidir retirar a Minusma até ao final do ano.

O ex-rebelde também acusa o exército maliano e o grupo paramilitar russo Wagner de um ataque em que dois dos seus homens foram mortos na semana passada.

Este ataque é "uma provocação a mais", afirmou Attaye Ag Mohamed.

A insubordinação ao poder central no norte do país é um dos principais fatores de irritação para a junta.

A junta fez da soberania o seu mantra desde que assumiu o controlo do país pela força, rompeu com a França e os seus parceiros contra o fundamentalismo islâmico e virou-se militar e politicamente para a Rússia.

Leia Também: França e Mali suspendem emissão de vistos aos cidadãos destes países

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