No ano em curso, já se registaram mais de 16 mil tentativas de entradas ilegais pela fronteira que separa a Polónia da Bielorrússia.
Na quinta-feira, e segundo dados das autoridades polacas, ocorreram quase 300 casos de tentativas de entrada ilegal na Polónia, sendo o dia com mais atividade deste tipo nesta zona de fronteira desde a crise de 2021, altura em que foi registado um intenso fluxo de migrantes na fronteira entre os dois países e que Varsóvia acusou Minsk de querer provocar uma nova crise de refugiados na Europa, para se vingar das sanções europeias.
O Governo polaco relaciona a maior presença de migrantes ilegais e o aumento da pressão nas fronteiras com a instalação na Bielorrússia de um contingente de mercenários do Grupo Wagner, que aconteceu há algumas semanas.
Na tarde de domingo, em Varsóvia, o ministro polaco que coordena a vigilância das fronteiras, Stanislaw Zaryn, declarou que "as autoridades bielorrussas não só transportam migrantes para a fronteira, mas também fornecem equipamentos como escadas e ferramentas de corte de arame para facilitar a passagem, bem como pedras e tijolos para atingir os guardas".
"A operação híbrida que utiliza as rotas de migração continua. A Polónia está sob ataque e estas ações fazem parte de um plano russo para desestabilizar a Europa e, em particular, o flanco oriental da NATO", afirmou Zaryn.
Atualmente, mais de 5.000 oficiais da Guarda de Fronteiras polaca estão destacados na fronteira com a Bielorrússia, além de 2.000 soldados, 500 polícias de unidades de controlo de distúrbios e um número variável de membros da força de defesa territorial, bem como um grupo paramilitar voluntário.
Após a crise de migrantes de 2021-2022, que Varsóvia descreveu como uma "guerra híbrida" orquestrada por Minsk com a colaboração da Federação Russa, a Polónia construiu um muro com barras de aço de 5,5 metros de altura ao longo de 186 quilómetros da fronteira com a Bielorrússia e instalou um sistema de vigilância com câmaras e sensores.
Varsóvia encerrou todas as passagens de fronteira com a Bielorrússia ao tráfego comercial e atualmente apenas duas alfândegas ferroviárias estão abertas: Kuznica e Siemianowka.
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