De acordo com a agência de notícias EFE, os signatários da declaração manifestaram-se no sentido de as organizações internacionais "não confundirem jornalistas com propagandistas", nomeadamente em relação ao pedido de investigação que as referidas organizações internacionais fizeram sobre a morte de Rostislav Zhuravlev, funcionário da agência de notícias estatal russa (RIA Novosti), em 22 de julho em Zaporijia, no sul da Ucrânia.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) declararam que Zhuravlev foi "o 14.º jornalista morto desde o início da guerra na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022" e pediram uma investigação imediata sobre a sua morte.
A RIA Novosti relatou a morte do funcionário durante um ataque perto da cidade de Pyatykhatky, próximo à linha da frente na região de Zaporijia, em 22 de julho.
Os mais de 70 jornalistas e meios de comunicação ucranianos signatários da declaração, com ligações à associação Mediarukh, afirmaram que tanto Zhuravlev como outros "propagandistas" são "participantes ativos na agressão russa contra a Ucrânia".
"Os propagandistas são antagonistas diretos dos jornalistas", defendem os signatários, afirmando que as ações destes elementos levam à destruição da liberdade de expressão e à perseguição de profissionais dos meios de comunicação que cumprem os padrões reconhecidos do setor.
Segundo os jornalistas e os 'media' ucranianos, Zhuravlev participou pessoalmente na agressão contra a Ucrânia e, especificamente, na captura de prédios administrativos em 2014.
"Prova disso são as inúmeras fotos de Zhuravlev com armas, símbolos nazis e as suas mensagens nas redes sociais, que indicam que participou ativamente na ocupação russa da Ucrânia", acrescentaram os signatários.
Na declaração, os jornalistas e meios de comunicação ucranianos também lembram que a RIA Novosti é totalmente controlada e financiada pelo Governo russo e pertence ao grupo "Russia Today", empresa alvo de sanções internacionais e que produz proativamente, segundo denunciam, notícias falsas e desinformação sobre eventos na Ucrânia.
"Durante anos a propaganda do Kremlin (Presidência russa), especialidade da agência RIA Novosti, preparou o terreno para a invasão russa e teceu narrativas sobre a suposta tomada do poder pelos nazis na Ucrânia e o alegado florescimento do nazismo em todo o país", acrescentaram.
Os elementos da associação Mediarukh pedem às organizações internacionais que "condenem abertamente" a propaganda estatal russa e a reconheçam "como uma ameaça à paz e um ato de agressão".
"Os 'media' russos e os seus funcionários que ativamente produzem propaganda e participam na agressão militar russa contra a Ucrânia devem ser punidos com justiça pelas suas ações que levaram à instigação da guerra e à destruição em massa de cidadãos ucranianos", acrescentaram os signatários.
Entre os signatários da declaração estão jornalistas e outros funcionários da Interfax-Ucrânia, NV, Hromadske Radio, Detector Media, Institute of Mass Information e Internews Ukraine.
Leia Também: Micro ficou ligado e 'tramou' jornalista durante eleições em Espanha