Rússia veta resolução que prolongava ajuda transfronteiriça à Síria
A Rússia vetou hoje uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que prolongava por nove meses o mecanismo de ajuda transfronteiriça à Síria, através do qual a assistência humanitária era entregue sem necessidade de consentimento do Governo sírio.

© Lusa

Mundo Rússia/Ucrânia
A resolução obteve 13 votos a favor, uma abstenção (China) e o voto contra de Moscovo.
O texto vetado foi apresentado pelo Brasil e pela Suíça, os co-detentores do dossiê humanitário da Síria, e visava autorizar agências da ONU e parceiros humanitários a continuar a utilizar a passagem de Bab al-Hawa, na fronteira Síria-Turquia, por mais nove meses, até 10 de abril de 2024.
O veto da Rússia, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), foi duramente criticado por vários países, nomeadamente pelos Estados Unidos, que acusaram Moscovo de "crueldade".
"Este é um momento triste para o povo sírio e para este Conselho. O que o mundo acabou de testemunhar foi um ato de extrema crueldade. A maioria deste Conselho uniu-se para estender esta linha de ajuda humanitária para salvar vidas, mas um membro permanente bloqueou esta resolução. E eu só tenho que perguntar: Porquê? A Rússia não cumpriu a sua responsabilidade como membro permanente deste Conselho", disse a diplomata norte-americana, Linda Thomas-Greenfield.
"A Rússia mais uma vez usou o seu veto para restringir o acesso humanitário que salva vidas a quatro milhões de sírios. Não há argumento racional ou moral para vetar esta resolução. O acesso humanitário deve responder às necessidades humanitárias e não deve ser feito refém da Rússia", afirmou, por sua vez, a embaixadora britânica, Barbara Woodward.
Na sua intervenção, o embaixador russo, Vasily Nebenzya, deixou claro que Moscovo não aceitará qualquer prorrogação sem mudanças no mecanismo e que a única alternativa para que volte a funcionar é a aprovação das "correções" que a Rússia quer aplicar.
Logo após esta votação, foi a vez da Rússia apresentar um texto de resolução, que prolongava o mecanismo de ajuda transfronteiriça à Síria por seis meses, até 10 de janeiro de 2024, mas também acabou rejeitado, com três votos contra (Estados Unidos, França e Reino Unido), dois a favor (Rússia e China) e 10 abstenções.
Com a rejeição das duas resoluções, foi encerrada oficialmente esta operação da ONU que foi vital para ajudar 4,1 milhões de pessoas no nordeste sírio.
A autorização dada às Nações Unidas para que os seus comboios humanitários utilizassem a passagem fronteiriça de Bab al-Hawa - mecanismo contestado pelo Governo de Damasco - expirou segunda-feira à noite, pelo que esta via de acesso essencial está já encerrada.
Na segunda-feira, 79 camiões com ajuda humanitária passaram por Bab al-Hawa, fretados pelo Programa Alimentar Mundial e pela Organização Internacional para as Migrações.
Desde os fortes sismos de fevereiro que afetaram todo o sul da Turquia e o norte da Síria, 3.700 camiões passaram por Bab al-Hawa e por outras duas travessias excecionalmente autorizadas, até meados de agosto.
Nos últimos anos, sempre que esta autorização teve que ser renovada, a Rússia fez pressão para encerrar a operação e para que toda a ajuda fosse canalizada de dentro da Síria, ou seja, dependesse do Governo de Bashar al-Assad, um reconhecido aliado de Moscovo.
[Notícia atualizada às 17h29]
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