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Invasão da Ucrânia aumentou necessidade de cooperação militar UE-EUA

A necessidade de reforço da cooperação militar entre União Europeia e Estados Unidos perante a invasão militar em larga escala da Ucrânia pela Rússia, há 16 meses, foi hoje sublinhada num seminário organizado pelo Instituto de Defesa Nacional (IDN).

Invasão da Ucrânia aumentou necessidade de cooperação militar UE-EUA
Notícias ao Minuto

18:35 - 28/06/23 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

Falando no seminário 'on-line' "The Russia-Ukraine War and European Defence", organizado pelo IDN, Gustav Gressel, que integra o Conselho Europeu sobre Relações Internacionais (ECFR) referiu-se aos desafios para a indústria da Defesa e persistentes "resistências burocráticas" no fornecimento de armamento à Ucrânia.

"Se a Ucrânia vencer, não haverá um exército russo com capacidade de responder. Mas se falhar, o que ainda é uma possibilidade, teremos um enorme e gigantesco problema de segurança com a Rússia nas nossas fronteiras e teremos de lidar com ele. Mas se a Ucrânia vencer ainda teremos o problema russo, a Rússia necessitará de anos para se rearmar", assinalou no painel moderado por Carlos Gaspar e Patrícia Daehnhardt, ambos conselheiros do IDN, com uma introdução prévia de Isabel Ferreira Nunes, diretora da instituição.

"Para além da China há outros países com uma agenda revisionista, como a Turquia ou a Hungria que podem reativar as suas ambições imperiais", prosseguiu Gressel. "Se não tiramos as lições desta guerra, e a necessidade de responder às necessidades de uma produção industrial de armamento em larga escala, estaremos em grandes dificuldades".

Num tempo definido de "crítico", o analista reafirmou a necessidade de produzir mais equipamento ou substituí-lo "para manter a Ucrânia na guerra", aludindo a diversos "disfuncionamentos" que necessitam ser corrigidos, para além das questões financeiras colocados por Estados menos abastados.

Ana Santos Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) e professora universitária, aludiu à questão do reforço da relação União Europeia-NATO em termos de cooperação industrial e tecnológica, e numa referência à política de Defesa em Portugal sublinhou que a questão central reside em saber como despender o orçamento para esta área, na sua maioria ainda canalizado para as áreas do pessoal ou manutenção de infraestruturas.

"Não creio que seja possível uma modernização a curto prazo", afirmou numa referência à questão da autonomia estratégica da Europa, que na sua perspetiva deve passar pelo investimento em pesquisa e desenvolvimento, na tecnologia, e em cooperação. Sublinhou ainda a "grande diferença" entre os Estados-membros, indicando como exemplo o investimento da Alemanha nesta área beneficiar sobretudo a economia alemã, para além da necessidade de "incluir o Reino Unido nesta dinâmica, devido ao seu conhecimento".

Justyna Gotkowska, vice-diretora e chefe do Departamento de segurança e defesa no Centro de estudos orientais (OSW), um instituto com sede em Varsóvia, defendeu que perante "uma Rússia instável, imprevisível", o bloco europeu deve "preparar-se para os piores cenários", até pela possibilidade de "futuras agressões".

As perspetivas dos EUA sobre a defesa europeia foram abordadas por Elena Davlikanova, que integra o Centro de Análises Políticas europeias (CEPA) e graduada pela universidade estatal Sumi na Ucrânia.

Na sua intervenção, e ainda numa referência à questão da autonomia estratégica, reconheceu a dependência da Europa face aos EUA e a NATO, uma ajuda definida como essencial caso a Rússia "conseguisse os seus objetivos", e elegeu a Ucrânia como o "núcleo central da segurança na Europa", que deve implicar uma maior cooperação e "ultrapassando algumas contradições e ambiguidades europeias".

"É necessário apoiar a Ucrânia o tempo que seja necessário. Será um erro histórico se cimeira de Vilnius da NATO [prevista para 11 e 12 de julho] não emitir sinal sobre adesão ucraniana, também seria do interesse de toda a UE", defendeu.

Já Mónica Dias, vice-diretora do Instituto de estudos políticos da Universidade católica, optou por sustentar que a NATO permanece essencial "para garantir a paz e a capacidade militar na Europa".

Esta paz, sustentou, "deve ser garantida por uma forte Defesa e meios para a reconstrução da Ucrânia, e qualquer negociação de paz tem de incluir a Ucrânia e a recuperação de todos os seus territórios, incluindo a Crimeia", na perspetiva de um novo sistema internacional para o século XXI.

Numa contextualização final, e de novo em torno da autonomia estratégica da Europa, interrogou-se Carlos Gaspar sobre a quem devem recorrer os países do continente para os seus fornecimentos e modernização do seu armamento -- à própria Europa, aos Estados Unidos, Ásia, enumerou --, na perspetiva de "restaurar a capacidade de Defesa" da Europa e NATO.

Sobre a evolução da situação na Rússia após o motim de sábado passado do grupo paramilitar Wagner, admitiu o desconhecimento sobre "como lidar com uma liderança fraca do Kremlin", admitindo inclusive uma "nova escalada russa" no campo de batalha, e após a introdução de armas nucleares táticas na Bielorrússia.

Neste contexto, disse, a integração da Ucrânia na arquitetura de segurança europeia permite uma conclusão: "Será mais difícil incluir a Ucrânia primeiro na NATO e depois na UE, como sucedeu com diversos países do leste".

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