Mykhailo Podolyak, conselheiro presidencial ucraniano, defendeu, esta terça-feira, que a Ucrânia não se deve render e que os seus aliados não devem deixar de apoiar o regime de Kyiv face às ameaças do presidente russo, Vladimir Putin, de usar armas nucleares táticas.
"É importante entender que a presença ou ausência de armas nucleares na Rússia não é uma variável que afete a equação geral desta guerra, e as ameaças nucleares não devem de forma alguma influenciar a decisão dos ucranianos de se defender ou a decisão dos nossos aliados para nos apoiar", começou por escrever Podolyak, numa publicação divulgada na rede social Twitter.
Desta forma, Podolyak pede uma reflexão.
"Se alguém pensa que a presença de armas nucleares deve servir de impulso para a rendição, pense bem: que tipo de sinal isso envia ao resto do mundo? 'O direito internacional não funciona, ninguém te vai proteger, confia apenas em ti'?", interroga.
Para o conselheiro presidencial da Ucrânia, desta forma "teremos uma corrida nuclear 2.0 e moveremos o ponteiro do relógio do Juízo Final novamente".
"Em vez disso", Podolyak defende que Putin deve receber "um sinal claro de todas as partes" do mundo de cada vez que ameaçar usar armas nucleares.
"Putin deve receber um sinal claro de todas as partes do globo: assim que a mão russa alcançar a caixa de Pandora, ela será cortada sem demora", rematou.
It is important to understand that the presence or absence of nuclear weapons in Russia is not a variable that affects the overall equation of this war, and nuclear threats should not in any way influence the decision of Ukrainians to defend themselves or the decision of our…
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) June 20, 2023
De realçar que, na sexta-feira, Putin confirmou a transferência das primeiras armas nucleares táticas para a Bielorrússia, numa intervenção no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo.
A transferência de armas nucleares táticas russas para o país vizinho foi anunciada em março por Putin e pelo homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Estas primeiras entregas parecem ter sido aceleradas, depois de Putin ter afirmado, há uma semana, que o destacamento teria lugar em julho, segundo a AFP.
Putin disse que se trata de uma medida de dissuasão para "aqueles que estão a pensar em infligir uma derrota estratégica à Rússia".
Reiterou que as armas nucleares só podem ser utilizadas pela Rússia se houver uma ameaça à integridade territorial, à independência, à soberania e à existência do Estado russo.
O anúncio suscitou críticas da comunidade internacional, em especial do Ocidente, dado que Putin tem levantado a possibilidade de usar armas nucleares desde que mandou invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
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