O PSOE ganhou as regionais no arquipélago das Canárias, mas sem maioria absoluta, e deixará de governar a região na sequência de um acordo para uma coligação governamental anunciado na terça-feira à noite pela Coligação Canária (CC, regionalista) e pelo Partido Popular (PP, direita), que foram a segunda e a terceira forças mais votadas, respetivamente.
O acordo, que os dois partidos disseram que será assinado até ao final desta semana, prevê que o presidente do governo regional seja da Coligação Canária e o vice-presidente seja do PP.
Os dois partidos, no conjunto, elegeram 34 deputados regionais e precisam do apoio de pelo menos mais dois para terem maioria absoluta, o que a Coligação Canária disse esperar conseguir até ao final desta semana com acordos com duas forças de âmbito local (AHI e ASG).
Segundo a Coligação Canária, estes acordos estão "praticamente fechados" e com eles o novo executivo do arquipélago não dependeria de nenhuma forma dos quatro deputados da extrema-direita do VOX para ser viabilizado.
No entanto, o acordo confirmado, entre Coligação Canária e PP, exclui já a possibilidade de o PSOE continuar à frente do governo desta região autónoma, por ter elegido 23 deputados, menos do que os 34 daqueles dois partidos.
Além disso, as Canárias foram uma das regiões em que o Podemos (extrema-esquerda), com quem o PSOE está coligado no Governo nacional, deixou de ter qualquer representação parlamentar.
Ao PSOE só restava uma aliança com a coligação de esquerda Nova Canárias, que elegeu cinco deputados, insuficientes para superar o número de eleitos pela CC e pelo PP.
Em 28 de maio, houve eleições em 12 das 17 comunidades autónomas de Espanha e os resultados foram, globalmente, uma derrota para o PSOE e uma vitória para o PP.
O PSOE liderava os governos de nove das regiões que foram a votos e foi o partido mais votado em quatro (Astúrias, Canárias, Extremadura e Castela La Mancha).
Com o acordo anunciado agora nas Canárias, os socialistas perdem assim esta região, havendo a possibilidade de acontecer o mesmo na Extremadura, caso haja um acordo do PP com o VOX.
Em Castela La Mancha, o PSOE teve maioria absoluta e nas Astúrias pode coligar-se com o Podemos e outros partidos de esquerda.
Os socialistas contam ainda continuar a governar Navarra com a reedição de uma aliança entre forças de esquerda, apesar de o partido mais votado ter sido a coligação de direita de âmbito regional UPN.
Já o PP conseguiu duas maiorias absolutas (Madrid e La Rioja) e em cinco regiões depende de apoios de outros partidos para conseguir governar, sendo a expectativa saber em que casos negociará ou contará com o VOX.
Num dos casos, a Cantábria, não deverá colocar-se a questão de o PP negociar com o VOX porque o segundo partido mais votado, o Partido Regionalista da Cantábria (PRC), disponibilizou-se para viabilizar um governo do Partido Popular e assim evitar a entrada da extrema-direita no executivo regional.
Estão em curso negociações entre o PP e os regionalistas da Cantábria, ainda sem conclusões.
O VOX entrou pela primeira vez num governo em Espanha em 2022, em Castela e Leão, coligado com o PP.
Em 28 de maio passado, houve em simultâneo eleições municipais em toda a Espanha, que o PP também venceu.
A derrota da esquerda e do PSOE levaram o primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, a dissolver o parlamento nacional e a convocar eleições legislativas gerais para 23 de julho.
As eleições espanholas estavam previstas para dezembro, quando terminaria a atual legislatura, que ficou marcada pela primeira coligação no Governo de Espanha, entre o PSOE e a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos.
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