Fundadora da OneTaste acusada de criar 'seita sexual' de trabalho forçado
"As arguidas publicitaram a sua empresa como sendo capaz de ajudar as pessoas a recuperar de traumas passados", referiu Michael Driscoll, o diretor-adjunto do FBI, citado pelo The Guardian.

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Mundo EUA
A fundadora da OneTaste, uma empresa norte-americana de bem-estar sexual, foi acusada de organizar uma conspiração semelhante a uma seita "de anos" que envolve trabalho forçado.
Nicole Daedone, a fundadora que ocupou o cargo de diretora executiva desde 2015 até 2017, e também Rachel Cherwitz, antiga diretora de vendas da empresa, foram acusadas de induzir voluntários, contratantes e funcionários a contrair dívidas para frequentarem cursos que alegavam poder curar traumas e disfunções sexuais.
"As arguidas publicitaram a sua empresa como sendo capaz de ajudar as pessoas a recuperar de traumas passados", referiu Michael Driscoll, o diretor-adjunto do FBI, citado pelo The Guardian.
Segundo Driscoll, "na realidade, elas alegadamente manipulavam as vítimas não só para as endividar, mas também para limitar a sua independência e criar uma dependência da OneTaste para as necessidades básicas".
Breon Peace, procurador dos EUA, sublinhou que as arguidas também sujeitaram os membros da OneTaste a vigilância em casas comunitárias, instruíram-nos a praticar atos sexuais para "liberdade e esclarecimento" e não pagaram os salários prometidos.
O "esquema de anos" de Daedone e Cherwitz sujeitou os membros a "abusos económicos, sexuais, emocionais e psicológicos (...) doutrinação e intimidação", afirmou.
"Sob o pretexto de capacitação e bem-estar, as arguidas terão procurado exercer um controlo total sobre a vida dos seus empregados, nomeadamente endividando-os e obrigando-os a praticar atos sexuais, ao mesmo tempo que lhes retinham os salários", declarou Breon Peace, o procurador dos EUA.
A dupla recrutou intencionalmente pessoas que tinham sofrido traumas e alegou que os cursos da OneTaste, que podiam custar até dezenas de milhares de dólares, as curariam. Aqueles que não podiam pagar eram induzidos por Daedone e Cherwitz a contrair dívidas.
Daedone e Cherwitz são também acusadas de recrutar e aliciar membros para "praticar atos sexuais com investidores, clientes, empregados e beneficiários atuais e potenciais clientes da OneTaste" para seu benefício financeiro.
Daedone, de 56 anos, está em fuga, enquanto Cherwitz, de 43 anos, foi detida esta terça-feira e deverá comparecer num tribunal federal da Califórnia. Ambos podem ser condenadas a uma pena máxima de 20 anos de prisão.
Fundada em 2004, a OneTaste, sediada na Califórnia, foi objeto do documentário 'Orgasm Inc.', da Netflix, no ano passado, que acompanhou a sua ascensão e o surgimento de "alegações perturbadoras" por parte dos membros.
A empresa foi inicialmente saudada pela sua abordagem centrada nas mulheres, mas depois de um relatório de 2018 da Bloomberg, em que antigos membros alegaram que a OneTaste os levou à "servidão sexual e dívidas de cinco dígitos", o FBI iniciou uma investigação.
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