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Sudão. Ataques aéreos sobre Cartum, embaixada do Qatar saqueada

Ataque aéreos e disparos de artilharia abalaram hoje a capital sudanesa, onde a embaixada do Qatar foi saqueada por homens armados, numa ilustração do caos que decorre no país após mais de um mês de guerra.

Sudão. Ataques aéreos sobre Cartum, embaixada do Qatar saqueada
Notícias ao Minuto

21:07 - 20/05/23 por Lusa

Mundo Sudão

Em declarações à agência noticiosa AFP, habitantes da capital referiram-se a "ataques aéreos" cada vez mais violentos e que "fizeram tremer as paredes das casas".

Ignorando os apelos à trégua, o exército, dirigido pelo general Abdel Fattah al-Burhane e os paramilitares da Força de apoio rápido (FAR), do general Mohamed Hamdane Daglo, enfrentaram-se pelo controlo de locais estratégicos e de poder.

Os bombardeamentos decorreram perto da sede da televisão pública, indicaram outras testemunhas, quando os dois campos continuam a reivindicar vitórias nas redes sociais e nos 'media'.

Os combates, desencadeados em 15 de abril, já provocaram perto de 1.000 mortos e mais de um milhão de refugiados e deslocados.

Com as negociações para uma trégua humanitária num impasse, o general Al-Burhane designou três dos seus fiéis para a chefia do exército, após despedir na sexta-feira o general Daglo do seu posto de adjunto no Conselho de soberania e designado Malik Agar para o seu posto.

Este antigo rebelde que em 2020 assinou a paz com o poder de Cartum anunciou hoje num comunicado em tom apaziguador que pretende "terminar com a guerra e sentar-se à mesa das negociações".

"A estabilidade apenas poderá ser restabelecida com um exército profissional e unificado", indicou ao dirigir-se ao general Daglo.

A integração das FAR no exército esteve na origem da dissidência entre os generais Burhane e Daglo, e na sequência do golpe de 2021 no qual ambos e em conjunto afastaram os civis do poder.

A luta entre os dois homens pelo poder mergulhou o Sudão no caos. Repetem-se os testemunhos sobre ocupações de habitações, pilhagens e outros atos descontrolados, incluindo em diversos representações diplomáticas, como terá sucedido hoje com a embaixada do Qatar.

As conversações sobre corredores seguros para ajuda humanitária eternizam-se em Jeddah, na Arábia Saudita.

O emissário da ONU para o Sudão, Volker Perthes, que permaneceu no pais, deslocou-se hoje a Nova Iorque onde deve dirigir-se ao Conselho de Segurança na segunda-feira.

Mais de metade dos sudaneses necessita de ajuda humanitária, e a ONU já anunciou que vai desbloquear 22 milhões de dólares (20,3 milhões de euros) de um fundo de emergência da ONU para ajudar os sudaneses que se refugiaram nos países limítrofes.

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