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Sudão. MSF operaram 240 vítimas do conflito numa semana

As equipas cirúrgicas da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) operaram, em dez dias, 240 pacientes com ferimentos resultantes dos combates entre o exército sudanês e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês),na capita.

Sudão. MSF operaram 240 vítimas do conflito numa semana
Notícias ao Minuto

15:29 - 19/05/23 por Lusa

Mundo Médicos sem Fronteiras

Todos os doentes apresentavam "vários tipos de traumatismos", na sua maioria resultantes de "ferimentos de bala ou ferimentos provocados pelas explosões causadas pelos ataques aéreos e bombardeamentos em curso nas zonas urbanas da capital", declarou a organização em comunicado.

Os MSF lamentam, mais uma vez, as sérias dificuldades que os centros médicos do país enfrentam para continuar a trabalhar, quer devido a danos materiais, quer devido à falta de pessoal, uma vez que "muitas pessoas fugiram e as que ficaram têm grande dificuldade em deslocar-se em segurança pela cidade".

O Hospital Universitário de Bashair, no sul de Cartum, foi uma dessas instalações médicas que teve de fechar completamente durante algum tempo.

"Quando a nossa equipa cirúrgica chegou ao sul de Cartum, encontrámos um hospital onde as pessoas se estão a matar a trabalhar e a correr riscos reais", disse o coordenador de emergência dos MSF, Will Harper.

Médicos e enfermeiros, ajudados por um grupo de jovens da comunidade, tomaram a decisão de tentar reativar o hospital depois de este ter sido encerrado e de os seus trabalhadores hospitalares terem partido à procura de segurança.

Atualmente, no entanto, as negociações abertas entre as duas partes na Arábia Saudita parecem ter tido um efeito positivo.

"A situação está a melhorar", acrescentou Hisham Eid, médico dos MSF, "e conseguimos tratar eficazmente muitos doentes".

De acordo com Harper, os MSF também registaram progressos nos cuidados pós-operatórios, no controlo das infeções e em todas as questões que constituem um desafio diário em qualquer hospital e que são especialmente difíceis quando há restrições de água, eletricidade e material médico.

Desde que a equipa dos MSF começou a trabalhar no hospital, a 9 de Maio, foram realizadas mais de 240 intervenções cirúrgicas, incluindo cerca de quatro grandes operações por dia. Os casos complexos e críticos representam uma proporção significativa do número total de pacientes com necessidades urgentes.

"Tratámos muitos pacientes com ferimentos de bala e facadas que estavam gravemente feridos e que não teriam sobrevivido sem cirurgia", explica o cirurgião dos MSF, Shahzid Majeed, acrescentando que "muitos deles tinham ferimentos no peito, abdómen, fígado, baço, rim e intestino. Também realizámos cirurgias de reconstrução vascular, sem as quais os doentes teriam morrido ou perdido um membro", concluiu.

Os MSF e outras organizações têm doado material médico aos hospitais de Cartum e de outras zonas a partir das reservas já existentes no país, mas os atrasos na chegada dos materiais ao Sudão e às zonas onde são mais necessários - tanto logísticos como administrativos - constituem um grave problema.

"A obtenção de combustível para fazer funcionar os geradores é uma grande preocupação, uma vez que o fornecimento de eletricidade é, na melhor das hipóteses, intermitente. Noutros, é simplesmente inexistente", lamenta a ONG.

"O conflito não mostra sinais de terminar neste momento, pelo que é necessário que mais material e pessoal médico cheguem às áreas mais necessitadas para garantir que as pessoas que estão a sofrer os efeitos da violência, ou que foram feridas, tenham acesso a cuidados médicos que salvam vidas", sublinha a ONG.

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