O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro será ouvido pela Polícia Federal, em Brasília, ao início da tarde desta terça-feira, na sequência de uma operação de busca efetuada no início de maio devido a um alegado esquema de adulteração de cartões de vacinação da Covid-19.
De acordo com a investigação, citada pelo G1, a suposta fraude teria beneficiado o próprio Bolsonaro, a filha Laura, de 12 anos, o ex-ajudante Mauro Cid, e familiares desse trabalhador.
A Polícia Federal (PF) quer apurar se Jair Bolsonaro tinha conhecimento do esquema e/ou se partiu dele a ordem de acesso ao sistema do Ministério da Saúde, onde foram inseridos – e depois retirados – dados sobre vacinação contra a Covid-19 nos cartões.
No dia das buscas na sua casa, a 3 de maio, o ex-presidente do Brasil negou veemente as acusações - "Não tomei a vacina, ponto final, nunca neguei isso" - e recusou-se a depor à PF, alegando que os seus advogados precisariam de ter acesso à investigação antes de ele poder falar.
O que está em causa?
A alegada falsificação teria como objetivo garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e auxiliares próximos nos Estados Unidos, saltando a regra de vacinação obrigatória. As autoridades ainda investigam a situação de outros membros da comitiva, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Em causa estará a inclusão de dados falsos durante o período de novembro de 2021 até dezembro do ano passado. As pessoas beneficiadas terão conseguido emitir certificados de vacinação e não cumprir assim as restrições sanitárias aplicadas pelos países - Brasil e EUA.
As autoridades referem ainda, citadas pela imprensa brasileira, que têm como objetivo "manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas" e "sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19".
Os factos investigados, segundo as autoridades locais, configuram em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
O inquérito está a ser investigado no Supremo Tribunal Federal.
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