"O Programa Mundial de Alimentos prevê que o número de pessoas com desnutrição aguda aumentará para entre dois e 2,5 milhões, elevando o número total para 19 milhões nos próximos três a seis meses se o conflito continuar", disse Farhan Haq, um dos porta-vozes do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Os estados que sofrerão maior insegurança alimentar nos próximos meses são Darfur Ocidental, Cordofão Ocidental, Nilo Azul, Mar Vermelho e Darfur do Norte.
"Por sua vez, a agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) e parceiros anunciaram que são necessário 445 milhões de dólares (412,7 milhões de euros) para apoiar um fluxo estimado de saída de 860.000 refugiados e repatriados do Sudão em cinco países afetados pela emergência", disse ainda Haq.
A agência insta os países vizinhos a manterem as suas fronteiras abertas para os que fogem da violência e instou todos os Estados a permitirem aos civis que fogem do Sudão acesso não discriminatório aos seus territórios e a suspenderem retornos forçados ao Sudão, inclusive de pessoas que já tiveram pedidos de asilo rejeitados.
Os combates entre o exército regular, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), chefiadas pelo general Mohamed Hamdane Daglo, fizeram cerca de 700 mortos desde 15 de abril, segundo a organização não-governamental ACLED, que regista as vítimas do conflito.
As sucessivas tréguas entre as duas partes beligerantes não foram respeitadas e os bombardeamentos e tiroteios continuaram a abalar a capital, Cartum, pelo 21.º dia consecutivo.
Segundo a ONU, pelo menos 335.000 foram deslocadas e 115.000 forçadas ao exílio devido ao conflito.
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