O primeiro-ministro espanhol endereçou esta quarta-feira a seca severa que tem atravessado a Espanha nos últimos três anos, defendendo que o governo tornasse a resposta ao fenómeno numa "política de Estado", considerando que o desafio da seca é "óbvio" e "evidente".
Em declarações ao Congresso espanhol, citado pelo La Voz de Galicia, Pedro Sánchez defendeu que o país deve "reconfigurar a forma de se relacionar com um bem cada vez mais escasso", numa altura em que a falta de água tem causado tensões.
O líder do governo explicou que, no dia 11 de abril, as reservas de água em Espanha estavam nos 51,2%, uma descida considerável relativamente aos dados de há cinco e de há dez anos, em que o nível de água represada era de 59,1% e 67,1%, respetivamente.
"O desafio da emergência climática e do stress hídrico é evidente. O avanço acelerado das alterações climáticas que eles negam mostra que é preciso adaptar", afirmou, numa crítica lançada ao Vox, o partido de extrema-direita que tem questionado o impacto da ação humana nas alterações climáticas.
️ Sánchez plantea que la lucha contra la #sequía sea una "política de Estado" ya que "el desafío" de la emergencia climática y el estrés hídrico "es evidente"
— EFE C. Valenciana (@EFE_CValenciana) April 19, 2023
️ Ve necesario "reconfigurar nuestra manera de relacionarnos con un bien cada vez más escaso" como es el #agua pic.twitter.com/jN15e1CSXI
Para Sánchez, a transformação do combate à seca em política estatal exigirá a "participação e compromisso não só verbal, mas também económico e legislativo do conjunto de instituições e atores públicos". O primeiro-ministro especificou o problema nas bacias de Guadalquivir e do Guadiana (rio que passa pelo sudeste de Portugal), e garantiu que "nunca houve tantos recursos para investir em água e na modernização das políticas hídricas como agora".
Segundo os dados do serviço meteorológico espanhol, citados pela Associated Press, o ano de 2022 foi o mais quente na história do país, com uma média diária acima dos 15 graus Celsius durante todo o ano, a primeira vez que tal acontece desde que há registo, em 1961. Os mesmos dados referem que Espanha aqueceu 1.3 graus Celsius desde os anos 60, com o aumento no verão a ser ainda maior, de 1.6 graus.
Os reservatórios na Catalunha caíram para 27% da sua capacidade e, esta semana, as autoridades na região disseram que a área de Barcelona pode entrar em "seca de emergência" a partir de setembro. Na Andaluzia, as reservas do Guadalquivir estão em 26%.
Este impacto da seca tem provocado tensões entre agricultores e ambientalistas, com os primeiros a exigirem uma melhor reconfiguração do transporte de água para o setor agrícola, enquanto que as organizações de proteção ambiental exigem uma resposta mais ambiciosa às alterações climáticas e ao consumo de combustíveis fósseis.
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