As mortes em tiroteios e incidentes com armas de fogo têm marcado a atualidade diária nos Estados Unidos e, esta terça-feira, o site Gun Violence Archive deu conta que o número de mortes em circunstâncias envolvendo armas de fogo superou as 11.600 pessoas.
Segundo os dados analisados pela ABC News, o valor equivale a uma média de 115 mortes por dia devido à violência armada.
A maioria das mortes ocorreu por via de suicídio, com 57% dos casos registados (mais de 6.600) e uma média de 66 suicídios por dia em 2023. Relacionados com estes casos, houve 202 incidentes em que houve um homicídio, seguido de suicídio.
Numa altura em que a violência armada e os tiroteios nas escolas são uma preocupação cada vez maior, especialmente tendo em conta que as armas de fogo tornaram-se na principal causa de morte de adolescentes e crianças nos Estados Unidos, o Gun Violence Archive refere que pelo menos 71 crianças até aos onze anos de idade foram mortos a tiro, enquanto que 403 adolescentes entre os 12 e os 17 anos sofreram o mesmo destino.
This morning's mass shooting in Louisville, Kentucky marked at least the 146th across the U.S. in 2023, just 100 days into the year, according to @gundeaths.
— The Trace (@teamtrace) April 10, 2023
More data on the reality of gun violence in America: https://t.co/jxVVXYnELV pic.twitter.com/NeBgEmTqC6
Há ainda a referir que 380 pessoas morreram em incidentes envolvendo forças policiais e 411 pessoas morreram em circunstâncias acidentais.
A maior parte das mortes foram registadas nos estados do Texas, Florida, Califórnia, Georgia, Carolina do Norte, Illinois e Louisiana. Tirando o estado da Califórnia (que é o mais populoso do país) e Illinois (que incluiu Chicago, a cidade mais violenta do país), todos os outros estados com números significativos de mortes por violência armada ocorreram em regiões republicanas, onde as leis de venda, acesso e porte de armas de fogo são muito mais flexíveis.
No Texas, por exemplo, a lei permite que qualquer pessoa a partir dos 18 anos possa comprar uma arma de fogo numa loja, sem apresentar identificação e sem ser sujeito a uma verificação de cadastro. A partir dos 21 anos, pode-se andar com uma arma de fogo escondida, sem licença de porte de arma.
O último incidente a agitar o debate em torno do acesso às armas de fogo ocorreu em Nashville, no Tennessee, onde três crianças e três funcionários foram mortos a tiro numa escola. Em fevereiro, três estudantes foram mortos num ataque a um campus universitário.
Ontem, segunda-feira, Connor Sturgeon, de 25 anos de idade, um funcionário de um banco de Louisville, no Kentucky, usou uma espingarda para matar quatro pessoas e ferir outras nove, segundo o mais recente balanço. Connor notificado de que seria demitido e escreveu uma nota aos seus pais e a um amigo a indicar que iria abrir fogo no banco.
A manter-se este ritmo, o número de mortes no país poderá ficar aquém dos valores registados em 2022, quando as autoridades norte-americanas registaram um total de 44 mil mortes com armas de fogo. Desde 2014, mais de 39 mil pessoas morreram todos os anos devido à violência armada.
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