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  • 30 SETEMBRO 2023
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Cabo Verde aperta combate às armas ilegais de fabrico artesanal

As autoridades cabo-verdianas pretendem reforçar o combate à posse ilegal de armas, nomeadamente de fabrico artesanal, depois de em 2022 a Polícia Nacional ter apreendido 478 destas armas, mais 31% face a 2021.

Cabo Verde aperta combate às armas ilegais de fabrico artesanal

Ao intervir no XVII Conselho de Comandos da Polícia Nacional, que se realiza hoje no Mindelo, ilha de São Vicente, com o foco no regime jurídico de armas e munições em Cabo Verde, tendo em conta a prevenção e combate ao crime de armas, o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, destacou a preocupação na busca de melhorar o desempenho daquela força policial.

"O maior desafio que todos os que integram esta esfera de soberania representada pela Justiça e pela segurança é torná-la dinâmica, buscando conferir celeridade às atividades policiais e priorizar a garantia dos resultados processuais com acerto e agilidade", disse o ministro, na abertura do seminário.

De acordo com os dados apresentados pelo diretor nacional da Polícia Nacional, Emanuel Moreno, a força apreendeu 478 armas artesanais em Cabo Verde durante 2022, um aumento de 31% face a 2021, 186 armas convencionais, mais 12%, e 8.998 munições, um crescimento de 65% face ao ano anterior.

Destacando como prioridade da Polícia Nacional a eficiência operacional, a efetividade, a responsabilidade, gestão de pessoas e dos meios, a modernização tecnológica e a eficiência operacional, o ministro da Administração Interna defendeu a realização de um trabalho com perspetiva e estratégia.

"Ao apostarmos em desenvolver ações mais estratégicas de resposta, protagonizadas pelo Estado e pela sociedade civil, também, para atingir objetivos e metas a que nos propusemos, de prevenção e combate à violência armada, especificamente, nas dimensões da oferta e da procura de armas", apontou o ministro, que especificou as armas de fogo e de pequeno porte como o foco.

Acrescentou que a "identificação dos possuidores e utilizadores dessas armas, das suas motivações e dos impactos diferenciados da violência através de procedimentos e da efetividade no cumprimento das decisões" para facilitar realização da justiça, promover a cidadania e a responsabilidade social.

Na abertura desta reunião participaram peritos da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal que têm colaborado tecnicamente e na produção de legislação com as autoridades cabo-verdianas, em matéria de armas e munições.

"As armas são uma preocupação constante na Europa, é uma preocupação crescente face aos desafios atuais quer na Europa, quer no mundo inteiro e por isso Cabo Verde também não estará isolado do resto do mundo. Os desafios em Cabo Verde são muito semelhantes aos da Europa, existe a necessidade de fazer um efetivo controle da posse, da aquisição e da utilização das armas de fogo e existem vários mecanismos legais para efetivar este controle e da utilização, combatendo a ilegal utilização das armas em Cabo Verde, tal e qual em Portugal e no resto do mundo", frisou o subintendente José Pereira, da PSP.

O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, promulgou na semana passada a alteração à lei das armas proposta pelo Governo e aprovada pelo parlamento, mas comunicou à Assembleia Nacional que vai pedir a fiscalização de constitucionalidade de dois artigos.

Em nota divulgada em 24 de março, a Presidência da República refere que o chefe de Estado decidiu promulgar o diploma da Assembleia Nacional que procede à primeira alteração à Lei n.º 31/VIII/2013, de 22 de maio, relativa ao regime jurídico das armas e suas munições, agravando as molduras penais e a tipificação dos crimes, "considerando, por um lado, a ampla votação favorável que mereceu e, por outro, a preocupação com a segurança subjacente ao diploma".

Contudo, em carta dirigida ao presidente do parlamento, José Maria Neves refere que "irá submeter à fiscalização sucessiva de constitucionalidade" o disposto sobre tipos de armas e molduras penais, porque "as leis da Assembleia Nacional têm de respeitar a Constituição da República, nomeadamente o regime material, previsto no artigo 17.º da Constituição, salvaguardando outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos, em respeito pelo princípio da proporcionalidade".

"Nisto, salienta-se que a opção pela fiscalização sucessiva decorre do reconhecimento de que a iniciativa parlamentar merece acolhimento substancial, tanto mais que passados 10 anos sobre a adoção do regime jurídico de armas e munições se justifica plenamente a sua atualização e aperfeiçoamento, tendo em atenção a própria experiência da sua aplicação", justifica.

Esta alteração legislativa estava a ser preparada pelo Governo desde 2019, na sequência do agravamento da criminalidade, nomeadamente na cidade da Praia, com grupos que recorrem a armas brancas e de fogo de fabrico artesanal.

"Acresce, como já referido, a plena consciência de que os problemas de segurança interna no nosso país são reais e que o recrudescimento de situações de violência urbana referenciadas no preâmbulo do diploma, bem como a violência contra as mulheres e contra as crianças, aconselha e exige de todos os responsáveis políticos, a concertação de posições e espírito de diálogo, para que Cabo Verde alcance bons resultados em matéria de segurança coletiva e de segurança dos cidadãos", assume a Presidência da República.

Leia Também: EUA. 131 tiroteios em 86 dias, no país onde há mais armas que pessoas

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