Num discurso transmitido na televisão oficial, Al-Burhan referiu-se ao acordo final recentemente alcançado pelos principais grupos políticos do país para avançar no sentido de um regresso à democracia, que os porta-vozes sudaneses garantiram que será assinado a 1 de abril.
O acordo deverá por fim à crise desencadeada pelo golpe de Estado de outubro de 2021.
"O esperado acordo para resolver a crise política do país não avançará e em breve naufragará se não incluir todas as principais forças políticas, e se as vozes dos outros não forem ouvidas", disse Al-Burhan no discurso que proferiu durante uma visita ao estado de Kordofan do Norte, no centro do país.
Ao mesmo tempo que se comprometia a honrar esse acordo, em termos do "regresso (do exército) aos quartéis" e da "devolução do poder aos civis", Al-Burhan insistiu: "A bola está agora no campo dos políticos, e se eles querem que o Estado prossiga, devem ouvir-se uns aos outros.
Os seus avisos vêm uma semana após o porta-voz do processo político do Sudão, Khaled Omar Youssef, ter anunciado que as diferentes partes envolvidas no processo de transição tinham concordado em "assinar o acordo político final" a 01 de abril.
Youssef garantiu também que havia consenso entre estas forças políticas sobre o acordo em conversações mediadas pela ONU, e na presença de Al-Burhan, nas quais "foi também acordado assinar a Constituição transitória a 06 de abril e começar a formar as instituições da autoridade transitória a 11 de abril".
Estas conversações, que tiveram início a 08 de janeiro, foram a fase final do processo político entre os signatários de um "acordo-quadro" alcançado a 05 de dezembro entre militares e civis para pôr fim à crise política desencadeada após o golpe de estado de outubro de 2021.
Nessa data, Al-Burhan depôs o governo civil transitório que liderava o país desde o derrube do ditador Omar al-Bashir em 2019.
O "acordo-quadro", que previa uma espécie de roteiro preliminar para voltar a colocar o Sudão num caminho democrático, foi fortemente criticado por vários grupos civis como não conseguindo resolver os principais problemas do país e concedendo imunidade aos líderes militares que idealizaram o golpe.
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