A vaga de buscas - após a qual a polícia levou ativistas do Memorial para interrogatório - faz parte de um esquema de repressão constante que o Kremlin montou contra ativistas dissidentes nos últimos anos e que se intensificou-se depois do início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
O grupo Memorial mantém uma base de dados de vítimas de repressão política, e entre os nomes estão três pessoas que foram condenadas na época soviética por colaboração com a Alemanha nazi.
Agora, o grupo revelou que as autoridades estão a usar os nomes da lista no seu processo contra o Memorial.
Oleg Orlov - co-presidente do grupo, cujo apartamento estava entre os que hoje foram invadidos - classificou as alegações do Kremlin de "fantasias idiotas", em comentários feitos aos jornalistas, antes de ser levado para uma esquadra de polícia, para ser interrogado.
O Memorial - um dos mais antigos e prestigiados movimentos russos de defesa dos direitos humanos - recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2022, juntamente com o ativista bielorrusso Ales Bialiatski e a organização ucraniana Centro para as Liberdades Civis.
O Memorial foi fundado na época da União Soviética, em 1987, para garantir que as vítimas da repressão comunista fossem lembradas, tendo continuado o seu trabalho de defesa dos direitos humanos, compilando informações sobre abusos por parte do regime russo pós-soviético.
Por causa da sua atividade, o grupo foi declarado como "agente estrangeiro", pelo Ministério da Justiça, numa designação que permite escrutínio adicional por parte do Governo.
As buscas hoje efetuadas ocorrem depois de Vladimir Putin ter pedido à polícia que reprimisse quaisquer tentativas de adversários para "abalar a sociedade russa".
As buscas a ativistas do Memorial provocaram indignação entre as figuras da oposição russa, como Dmitry Gudkov, um ativista no exílio, que considerou as buscas "um ato de intimidação".
Leia Também: Rússia, China e Irão são os piores em Direitos Humanos em 2022, diz EUA