Oposição francesa avança com três moções de censura ao governo

Extrema-direita, direita e toda a ala esquerda da Assembleia Nacional francesa pediram hoje a demissão do governo, após a aprovação forçada da reforma do sistema de pensões, prometendo apresentar três moções de censura nas próximas 24 horas.

Le Pen, França

© Reuters

Lusa
16/03/2023 16:41 ‧ 16/03/2023 por Lusa

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"Vamos, como é óbvio, apresentar uma moção de censura porque é preciso censurar este governo e esperamos que todos os que iriam votar contra esta reforma votem a nossa moção de censura. (...) Votaremos favoravelmente todas [moções] as que forem apresentadas", declarou Marine Le Pen, líder da extrema-direita, após o anúncio no hemiciclo da utilização do artigo 49.3 para aprovar a reforma do sistema de pensões.

Nas próximas 24 horas, em resposta à escolha de Emmanuel Macron de forçar a aprovação desta reforma, recorrendo a um artigo da Constituição e sem voto no hemiciclo, vão ser apresentadas pelo menos três moções de censura: uma extrema-direita, outra da coligação de esquerda e ainda outra que poderá ser apoiada por alguns deputados de direita e de outros grupos minoritários.

Matematicamente, é muito difícil que uma destas moções seja aprovada, mas, para a oposição, o governo perdeu a credibilidade.

"Estamos perante um documento que não foi adotado nos parâmetros de uma democracia parlamentar [...] A Assembleia Nacional tem a última palavra e perante este fracasso enorme e o desmoronamento desta minoria presidencial. Acho que temos muitas hipóteses de ter a última palavra, os nossos protestos vão chegar ao Eliseu", garantiu Jean-Luc Melenchon, líder da França Insubmissa (esquerda).

Após a sessão parlamentar, tanto Jean-Luc Melenchon como outros representantes da esquerda juntaram-se aos manifestantes que se juntaram na outra margem do rio Sena, em frente à Assembleia, numa manifestação surpresa que foi crescendo ao longo da tarde.

Já a direita, que deveria ter garantido a aprovação desta reforma a Emmanuel Macron, declarou que não votará as moções de censura que vão ser discutidas já na segunda-feira, embora tenha havido críticas "à falta de diálogo social" durante o período de negociações desta reforma, exprimiu Olivier Marleix, presidente do grupo parlamentar d'Os Republicanos.

Fica agora a dúvida sobre o futuro da primeira-ministra, cuja principal missão era negociar esta reforma e assegurar uma maioria. Mesmo que as moções de censura não sejam aprovadas, Elisabeth Borne pode deixar o governo, abrindo caminho a um novo líder do executivo.

Entre os artigos mais polémicos desta nova lei está o aumento da idade da reforma para 64 anos ou 43 anos de descontos, mas também o fim dos regimes especiais existentes para os trabalhadores dos transportes, da energia ou mesmo o Banco de França, assim como a adoção de um contrato especial para os idosos, de forma a promover o emprego para as pessoas com mais de 60 anos.

Os sindicatos avisaram que "não vão deixar morrer esta questão" e que uma reunião intersindical esta noite vai decidir se as greves devem ou não prosseguir no país. Desde o início do ano, já houve oito dias de greve geral no país.

Leia Também: Primeira-ministra francesa defende que reforma de pensões é necessária

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