Polícia utiliza gás lacrimogéneo e dispersa manifestantes na Geórgia

A polícia georgiana utilizou na noite de hoje gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes concentrados frente ao parlamento no centro de Tbilissi, após ter ordenado que abandonassem do local.

Polícia utiliza gás lacrimogéneo e dispersa manifestantes em Tbilissi

© REUTERS/Irakli Gedenidze

Lusa
08/03/2023 20:22 ‧ 08/03/2023 por Lusa

Mundo

Geórgia

De acordo com a agência noticiosa georgiana Interpress, as forças policiais conseguiram dispersar os manifestantes, havendo registo de diversos feridos.

Pouco antes, as forças policiais tinham recorrido a canhões de água para tentar terminar com o protesto de milhares de pessoas, que pelo segundo dia consecutivo voltaram a denunciar um projeto-lei que consideram ameaçar os 'media' e as organizações não-governamentais no pequeno país do Cáucaso.

Durante o dia de hoje, as manifestações contra o projeto-lei, considerado "antidemocrático" pela oposição, decorreram na capital Tbilissi, em Batumi, em Telavi e noutras cidades georgianas.

O texto, apoiado pelo partido Sonho Georgiano, no poder, exige que qualquer organização que receba mais de 20% do seu financiamento a partir do estrangeiro seja registada como "agente estrangeiro", para evitar elevadas multas.

O registo obrigará estas organizações a apresentarem regularmente relatórios financeiros e as autoridades poderão sancioná-las e inclusive proibi-las no caso de irregularidades.

Os críticos do projeto-lei argumentam que recorda a lei aprovada há uma década pela Rússia, que permite ao Estado reprimir e proibir as opiniões críticas da oposição, organizações não-governamentais (ONG), meios de comunicação e ativistas de direitos humanos, ao classificá-los como "agentes estrangeiros".

O maior protesto decorreu na capital georgiana, onde na noite de terça-feira os confrontos entre a polícia e cerca de 7.000 manifestantes resultaram em 66 detidos e meia centena de polícias feridos, segundo fontes oficiais.

"A Geórgia é Europa" e "Não à lei russa" foram algumas das palavras de ordem ecoadas em frente ao parlamento, com os opositores a considerarem que Moscovo está a influenciar a aprovação do novo diploma, por possuir uma lei semelhante.

Apesar das críticas no país, nos Estados Unidos e na União Europeia (UE), 76 deputados georgianos apoiaram na terça-feira o projeto de lei, que só obteve 13 votos contra, um desfecho que motivou violentos protestos junto ao parlamento nacional.

A Presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, que se encontra nos Estados Unidos defende da adesão da país a União Europeia e NATO, manifestou publicamente o seu apoio aos manifestantes.

"Dirijo-me a vós, que vos encontrais na avenida Rustaveli. Hoje encontro-me em Nova Iorque e perante mim está a Estátua da Liberdade. Ela é o símbolo pelo que sempre a Geórgia lutou. Estou convosco, porque vós representais a Geórgia livre", assegurou.

Em declarações à televisão, a chefe de Estado sublinhou que a lei "foi redigida sob as ordens de Moscovo" e defendeu "a retirada do projeto".

Em paralelo, e numa resposta a uma declaração do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, sobre a situação política na Geórgia, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, considerou hoje, num tom irónico relatado pelas agências internacionais, ser agora claro "por que motivo os Estados Unidos não aderiram à União Europeia (UE)".

"Borrell disse que a lei sobre agentes estrangeiros que tem sido motivo de protestos em Tbilissi não partilha os valores europeus. Agora, é compreensível por que motivo os Estados Unidos não se juntaram à UE, essa lei foi adotada [nos EUA] desde 1938", escreveu Zakharova na rede social Telegram.

Previamente, e através de uma declaração escrita, Borrell tinha considerado que a aprovação final da lei de "transparência sobre a influência estrangeira" teria sérias repercussões nas relações Geórgia-UE.

O presidente do partido Sonho Georgiano, Irakli Kobijadze, afirmou hoje que o polémico projeto de lei foi enviado à Comissão para a Democracia pelo Direito (a chamada Comissão de Veneza) do Conselho da Europa e a sua discussão apenas prosseguirá após um veredicto.

Na véspera, o presidente do parlamento, Shalva Papuashvili, assegurou que a resposta da Comissão de Veneza poderá chegar "dentro de uns três meses".

Leia Também: Milhares de georgianos manifestam-se pelo segundo dia contra lei polémica

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