PR da Tanzânia quer restaurar "competição eleitoral" e rever Constituição
A presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan disse hoje que vai restaurar a "competição eleitoral" e relançar o processo de revisão constitucional, uma exigência há muito feita pela oposição.
© Getty Images
Mundo Tanzânia
"Prometo-vos mais reformas para construir a nossa nova nação com uma competição eleitoral", afirmou Suluhu Hassan, de 63 anos, durante um evento organizado pela oposição para assinalar o Dia Internacional da Mulher.
Nenhum presidente participou num evento organizado pela oposição nas últimas três décadas, destacou Suluhu Hassan, perante milhares de pessoas que responderam, à convocatória de 19 formações da oposição para celebrar o Dia Internacional da Mulher.
"Hoje estamos a escrever uma nova história, a tentar unir a nossa nação", disse a presidente que acrescentou: "Se houver um problema, sentamo-nos, discutimos e seguimos em frente depois de encontrar um consenso", sendo saudada efusivamente pela assistência.
Samia Suluhu Hassan comprometeu-se a formar uma comissão para a reforma constitucional, mas não deu nenhum calendário.
Grupos de defesa dos direitos humanos e partidos da oposição exigem alterações na Constituição, particularmente para limitar os poderes presidenciais.
As anteriores tentativas de modificar a lei fundamental falharam em 2014, terminando com medidas repressivas do Governo sobre a oposição.
A Tanzânia organizou as primeiras eleições pluralistas em 1995, e o partido no poder, o Chama Cha Mapinduzi (CCM), venceu todas as que se realizaram desde então.
Em 2020, o CCM venceu com 84%, mas a oposição e círculos diplomáticos contestaram os números da vitória.
Sob a presidência de John Magufuli (2015-2021), apelidado de "escavadora", os comícios políticos foram proibidos, os líderes da oposição detidos e a imprensa intimidada.
Hassan, que foi vice-presidente de Magufuli, a quem sucedeu na sequência da morte deste, em 2021, chegou a ser acusada de continuar as políticas antidemocráticas do antecessor, mas anulou em janeiro passado a proibição que vigorava há seis anos de manifestações públicas da oposição.
O regime multiplicou os sinais de abertura nos últimos meses, com o regresso de um exílio de cinco anos de Tundu Lissu, uma das figuras centrais da oposição tanzaniana.
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