ONG venezuelana regista 105 agressões contra ativistas em 30 dias

Na Venezuela ocorreram 105 agressões contra ativistas dos Direitos Humanos, em janeiro último, 90 casos mais que os 15 registados em dezembro de 2022, segundo dados divulgados hoje pela ONG Centro para os Defensores e a Justiça (CDJ).

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Lusa
07/03/2023 00:09 ‧ 07/03/2023 por Lusa

Mundo

Venezuela

s dados fazem parte do relatório "Situação das pessoas defensoras dos Direitos Humanos na Venezuela -- janeiro de 2023", documento que denuncia que "continua a política de criminalização da defesa, exigência e promoção dos Direitos Humanos" no país.

"As agressões contra a sociedade civil intensificaram-se como resultado de novas ameaças ao espaço cívico e democrático, especialmente perante os avanços na legislação destinada as ONG"", explica.

Segundo o relatório em janeiro ocorreram 68 casos de estigmatização, 25 de intimidação e assédio, 10 de ameaças, uma detenção arbitrária e um ataque digital.

Os funcionários públicos foram quem mais realizou agressões, com 50% dos casos, seguindo-se a imprensa estatal (29%), pessoas ou agrupações afetas ai regime (17%), instituições públicas (3%) e organismos de segurança do Estado (1%).

"Membros associados ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), entre eles jornalistas identificados com agências governamentais e outras pessoas com interesses semelhantes, fazem parte dos identificados entre os autores das violações", explica.

O CDJ afirma que as situações e atos de intimidação registados "revelam padrões sistemáticos de agressão que fazem parte da política de criminalização contra quem defende, exige e promove os direitos".

"Se observa um aumento da violência institucional contra ativistas e organizações de Direitos Humanos, rotulando-os como inimigos, traidores, desestabilizadores, entre outros, e aumenta o quadro regulamentar restritivo para tornar o seu trabalho ainda mais difícil num ambiente já de si adverso e hostil", explica o documento.

Segundo o CDJ explica que os atos de intimidação e assédio registados "contribuem para a violência institucional". As ONG são chamadas de "agentes desestabilizadores por investigar, denunciar, acompanhar e exigir transparência e não-impunidade perante abusos e graves violações dos Direitos Humanos".

O CDJ explica que "a lógica do inimigo interno é a base para criminalizar as ações" dos ativistas e que "o ambiente de defesa dos Direitos Humanos e a resposta à complexa emergência humanitária, e à crise política, está a tornar-se cada vez mais hostil e restritivo".

"A criminalização, repressão e o controlo social representam uma política de Estado restritiva do espaço cívico e democrático. Preocupa-nos que o Estado venezuelano esteja a avançar nos seus esforços para neutralizar a defesa, exigência e promoção dos direitos no país".

O CDJ reitera que as ações dos ativistas "são essenciais e necessárias e não devem ser criminalizadas ou dificultadas de uma forma arbitrária e discricionária" e que "o recrudescimento da criminalização aumenta os riscos para as organizações e ativistas".

Por outro lado, afirma que janeiro ficou ainda marcado pela aprovação, no primeiro de dois debates parlamentares, do projeto de Lei de Fiscalização, Regularização, Atuação e Controlo das ONG, a partir do qual se registaram ameaças televisionadas e nas redes sociais, e aumentaram os padrões de ataques e os riscos para os ativistas.

O projeto de lei, afirma, contem disposições altamente restritivas e punitivas do direito à livre associação e ao trabalho das ONG, sendo violador dos Direitos Humanos.

Tem "uma redação ambígua e imprecisa, o que aumenta o risco de ser interpretado com um amplo âmbito de discrição" e a exposição de motivos reflete a linguagem da tese do inimigo interno destinada a proteger a Segurança Nacional da possibilidade de intervenção e interferência estrangeiras, lê-se no documento

Leia Também: Venezuela tem 269 presos políticos e mais de 9 mil pessoas com restrições

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