Meteorologia

  • 03 MAIO 2024
Tempo
11º
MIN 10º MÁX 19º

Crise energética? África do Sul vai passar a ter ministro da Eletricidade

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa anunciou hoje um novo cargo na presidência, o de ministro da Eletricidade, para colmatar a falta de energia elétrica que está a estrangular a economia mais desenvolvida do continente.

Crise energética? África do Sul vai passar a ter ministro da Eletricidade
Notícias ao Minuto

19:54 - 06/03/23 por Lusa

Mundo África do Sul

O chefe de Estado sul-africano nomeou Kgosientsho Ramokgopa para ocupar o novo cargo ministerial, o primeiro do género na África do Sul democrática após a queda do regime de segregação racial do 'apartheid', em 1994, como parte de uma remodelação governamental anunciada ao país na televisão sul-africana.

"Procurei equilibrar novas competências com a tarefa de garantir a estabilidade no Governo, criámos dois novos ministérios, o primeiro é o ministro da Eletricidade e o segundo é o ministro do Planeamento, Monitorização e Avaliação do desempenho do executivo", anunciou o Presidente da República sul-africana.

Ramaphosa disse esperar que com a nomeação do novo ministro da Eletricidade, o novo Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), de que é também presidente, seja capaz de "reduzir significativamente" os cortes energéticos, conter a corrupção galopante e a má administração pública do país.

Na sua comunicação ao país, Ramaphosa nomeou o vice-presidente do ANC, Paul Mashatile - que foi empossado como deputado no mês passado -, para o cargo de vice-presidente da República, substituindo no cargo David Mabuza.

Mashatile foi eleito vice-presidente do ANC após Mabuza ter recusado a nomeação para a vice-presidência do partido no poder na 55.ª conferência nacional do ANC em dezembro.

Ramaphosa anunciou também que Sindisiwe Chikunga será a nova ministra dos Transportes após a eleição de Fikile Mbalula como secretário-geral do ANC na conferência eletiva do partido no ano passado.

No total, o Presidente da República sul-africano nomeou 12 novos ministros, e 11 vice-ministros.

"Espero que cumpram as suas tarefas com rigor e dedicação, adotem uma abordagem de tolerância zero contra a corrupção onde quer que ela exista e coloquem os interesses do povo da África do Sul em primeiro lugar no trabalho que realizam", sublinhou o chefe de Estado sul-africano.

"Este é o padrão que vou exigir e tenho plena confiança de que o atingirão", vincou.

Rampahosa concluiu a sua comunicação ao país sublinhando: "Não devemos perder tempo nem poupar esforços para restaurar a promessa da África do Sul".

A África do Sul sofre cortes regulares de energia desde o mandato do segundo presidente do país, Thabo Mbeki (1999-2008), mas os novos cortes de distribuição de energia -- de pelo menos 12 horas por dia - são os mais severos desde dezembro de 2019.

Depois de anos de má gestão, a empresa pública Eskom, que produz 90% da eletricidade da África do Sul, está endividada e incapaz de produzir energia suficiente para o país, que provém em 80% do carvão.

O ministro das Finanças, Enoch Godongwana, anunciou recentemente que o Governo sul-africano vai assumir 254 mil milhões de rands (13,3 mil milhões de euros), nos próximos três anos, da galopante dívida de 422 mil milhões de rands (22,1 mil milhões de euros) da estatal elétrica sul-africana.

Em 2025/26, o Tesouro sul-africano assumirá 70 mil milhões de rands (3,6 mil milhões de euros) da carteira de empréstimos da Eskom, frisou o ministro das Finanças na apresentação do Orçamento do Estado.

Desde a sua eleição em 2018, Ramaphosa não deixou de prometer o fim da crise energética, bem como uma mudança radical na estrutura da Eskom para reverter a situação desta gigantesca empresa (que tem mais de um século de experiência e foi uma das maiores e mais eficientes empresas de eletricidade do mundo).

No entanto, mais de quatro anos depois de ter chegado à presidência para substituir Jacob Zuma - obrigado pelo partido a renunciar ao cargo após nove anos de escândalos e acusações de corrupção, investigados pela comissão de inquérito 'Zondo' -, persistem os graves problemas da Eskom e a necessidade recorrente de agendar apagões rotativos, pelo que não se prevê no médio prazo um fim para essa situação.

Em abril de 2022, o chefe da Justiça sul-africana, o juiz Raymond Zondo, revelou no seu relatório que a comissão judicial de inquérito à captura do Estado pela grande corrupção pública na presidência de Zuma, identificou 14,7 mil milhões de rands (756,6 milhões de euros) na adjudicação de contratos alegadamente irregulares na estatal elétrica.

O caso da Eskom faz parte de um padrão mais amplo de pilhagem e má gestão na administração pública e das empresas estatais sul-africanas, incluindo também o Tesouro Nacional e a Agência de Segurança de Estado (SSA), que caracterizou a presidência de Jacob Zuma, entre 2009 e 2018, um grau de corrupção tão elevado a que os sul-africanos chamam "captura do Estado".

Leia Também: Para conseguir ter energia durante mais horas, é isto que tem de comer

Recomendados para si

;
Campo obrigatório