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Guerra? Hungria considera primordial a paz e exclui envolvimento da NATO

A Hungria considera necessário reafirmar que a paz é primordial e opõe-se a um envolvimento da NATO na guerra na Ucrânia, disse hoje a Presidente húngara, Katalin Novák, em conferência de imprensa conjunta em Lisboa com o homólogo português.

Guerra? Hungria considera primordial a paz e exclui envolvimento da NATO
Notícias ao Minuto

16:15 - 23/02/23 por Lusa

Mundo Guerra na Ucrânia

"Devemos reafirmar que a paz é primordial e não queremos que a NATO se envolva na guerra. E ainda demonstrar capacidade e unidade e mostrar que a nossa Aliança é mais forte que nunca. A NATO como uma aliança defensiva, pronta a defender cada centímetro do seu território. Mas o compromisso com a paz, é a nossa prioridade", indicou a chefe de Estado húngara, a realizar uma visita oficial de dois dias a Portugal, que foi recebida no Palácio de Belém pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Na conferência de imprensa conjunta, durante um período de perguntas e respostas, Katalin Novák referiu-se à sua recente passagem pela capital polaca Varsóvia, onde participou numa reunião do chamado grupo Bucareste 9, que reúne países do leste europeu membros da NATO, que contou com a presença do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

"Foi uma conversa franca, com encontros bilaterais", referiu a Presidente, para frisar a "inquebrantável amizade húngaro-polaca" e esclarecer que apenas manteve uma troca de impressões com Biden, devido a um dia muito preenchido, com o líder da Casa Branca a apenas manter uma reunião bilateral "com os anfitriões".

O encontro, em que também participou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, teve como anfitrião o Presidente da Polónia, Andrzej Duda, e juntou líderes dos restantes oito países que integram o grupo: Roménia, Bulgária, República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia e Eslováquia.

Numa referência aos recentes discursos do Presidente russo, Vladimir Putin, e às perspetivas de um fim do conflito, a chefe de Estado húngara reconheceu "não poder emitir muitas esperanças (...) por não existirem perspetivas" de negociações a curto prazo, e com a guerra a "prosseguir" próximos meses.

"É necessário tudo fazer para que as partes se sentem à mesa das negociações", frisou.

Um tema que Katalin Novák já tinha abordado na sua intervenção inicial, quando condenou "a agressão" e defendeu "a integridade territorial da Ucrânia".

Katalin Novák defendeu a necessidade de um cessar-fogo, de uma paz justa, mas com uma referência muito particular à situação na minoria húngara da Ucrânia, ideia que o Presidente português já tinha sublinhado no seu discurso prévio.

"Portugal e a Hungria inserem-se em diferentes condições geográficas (...). Existem 150 mil húngaros na Transcarpátia, em território ucraniano, é muito importante apoiá-los na defesa dos seus direitos. Há sangue húngaro a ser derramado", referiu a líder húngara.

Após ter convidado Marcelo Rebelo de Sousa a visitar a Hungria em 2024, no âmbito dos 50 anos do restabelecimento das relações diplomáticas entre Lisboa e Budapeste, Katalin Novák assinalou ser "mãe de três filhos" e enalteceu a defesa da vida e da família, numa referência à anterior intervenção do chefe de Estado português sobre o recuo demográfico na Europa, com Portugal na segunda pior posição a seguir à Itália.

"Os jovens devem assumir a responsabilidade de ter filhos. Há falta de crianças. Na Hungria, os casamentos duplicaram e os divórcios estão a diminuir", assinalou.

O tema da guerra e dos conflitos regressou de seguida ao seu discurso, ao sublinhar a necessária capacidade de defesa dos países e do fortalecimento dos exércitos. Neste aspeto, apesar de declarações algo evasivas, enalteceu o exemplo português.

"Vemos aqui um exemplo muito bom em Portugal relativamente em questão do voluntariado e das reservas, aqui estão a contar com um exército de reservas de 200 mil pessoas, queremos seguir esse exemplo, queremos fortalecer esta componente das nossas forças armadas, não há serviço militar obrigatório na Hungria também, vamos começar uma campanha", disse.

Sobre o processo de ratificação da adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, Katalin Novák confirmou que o parlamento húngaro se reúne na próxima semana "e será um dos primeiros temas a ser abordado".

Prometeu ainda, e no âmbito dos seus poderes limitados protocolares, "pretender ajudar para que seja um processo rápido".

A Hungria e a Turquia são os dois únicos Estados-membros da NATO que ainda não ratificaram a adesão.

Numa alusão às recentes declarações de altos responsáveis chineses, e aos importantes contactos diplomáticos entre Pequim e Moscovo, Katalin Novák apenas desejou que a China não interfira "militarmente" no conflito, optando na fase final das perguntas da comunicação social a abordar com algum detalhe o estado das relações com Bruxelas.

O envio de fundos para a Hungria no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) permanece bloqueado pela Comissão Europeia devido a um prolongado contencioso com Budapeste.

Sobre esta matéria, a Presidente húngara reproduziu o recorrente discurso do Governo húngaro e do seu primeiro-ministro nacionalista, Vikor Orbán, ao denunciar um "tratamento injusto" apesar do prosseguimento do diálogo para garantir as condições que permitam "um caminho livre e o regresso do bom senso".

Katalin Novák também recordou que as consequências da guerra na Ucrânia a nível económico e ecológico são graves, sendo urgente abordar essas questões.

"Quanto mais depressa vierem os fundos mais depressa enfrentaremos estes problemas", assegurou.

A Presidente húngara foi condecorada por Marcelo Rebelo de Sousa com o colar do Infante D. Henrique.

Na sua agenda em Portugal, Katalin Novák tem previstas várias visitas, incluindo à Assembleia da República e à Câmara Municipal de Lisboa.

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