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Bangladesh pede apoio da ONU para realojar rohingyas em ilha remota

O Governo do Bangladesh pediu hoje apoio à ONU para descongestionar os sobrepovoados campos rohingyas concluindo a transferência de refugiados para a remota ilha de Bhasan Char, na baía de Bengala, plano muito contestado por organizações humanitárias.

Bangladesh pede apoio da ONU para realojar rohingyas em ilha remota
Notícias ao Minuto

19:21 - 20/02/23 por Lusa

Mundo Bangladesh

"Como não há certeza de que os rohingyas regressem em breve ao seu país (Myanmar, antiga Birmânia, onde são uma minoria muçulmana perseguida), deveriam ser reinstalados no bem organizado Bhasan Char, e a ONU pode cooperar com este objetivo", disse a primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, numa mensagem escrita.

O pedido foi feito num discurso lido por um funcionário do gabinete da primeira-ministra, em nome de Hasina, a propósito da visita da coordenadora da ONU para o Bangladesh, a irlandesa Gwyn Lewis, à sua residência oficial.

Os membros desta minoria étnica fugida em massa de Myanmar "podem ser reinstalados em Bhasan Char, onde foram criados alojamentos para mais de 100.000 pessoas".

"Com meios de subsistência, podem levar uma vida digna num ambiente habitável", assegurou.

O Bangladesh já transferiu até agora quase 30.000 rohingyas -- 28.951 é o número exato -- para a ilha desde dezembro de 2020, segundo o mais recente relatório divulgado pelo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Segundo o Comissário de Ajuda e Repatriamento de Refugiados do Bangladesh, Mizanur Rahman, o processo não decorreu com a velocidade desejada, especialmente nos últimos meses, devido à falta de financiamento (sendo o Bangladesh um dos países mais pobres do mundo).

"A relocalização prosseguiu, mas não em grande escala, como no passado", disse Rahman, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Os planos para transferir cerca de 100.000 refugiados para essa ilha, com uma área de cerca de 40 quilómetros quadrados, foram pela primeira vez anunciados em 2017, quando se iniciou o êxodo dos rohingyas de Myanmar.

Naquela altura, a ONU e várias organizações humanitárias criticaram as condições da ilha, embora as Nações Unidas tenham acordado em 2021 conceder aos rohingyas transferidos para Bhasan Char a mesma ajuda que vinha fornecendo aos restantes campos de refugiados em terra firme do Bangladesh.

Contudo, na prática, o país prosseguiu quase sozinho com os seus planos de realojamento.

"Para uma relocalização em grande escala, necessitamos de financiamento que não está disponível agora, já que a ONU não está totalmente de acordo connosco nesta matéria", explicou o comissário.

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch denunciou em 2021 que as forças do Bangladesh detiveram e espancaram pelo menos uma dezena de refugiados que tentavam abandonar a ilha.

Segundo a mesma ONG, além disso, as autoridades tinham restringido a liberdade de movimentos dos refugiados.

A ONU reafirmou hoje num comunicado, divulgado após a visita de Gwyn Lewis, o seu compromisso de reforçar a parceria com o Bangladesh na resposta à situação, "apesar da escassez de fundos que obrigou a cortar a ajuda alimentar aos refugiados rohingyas que vivem nos campos de Cox's Bazar".

O Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou em janeiro deste ano uma redução do valor do seu cupão de Ajuda Alimentar de 12 para 10 dólares (11,2 para 9,3 euros) por pessoa por mês, devido a um défice de financiamento de 125 milhões de dólares (cerca de 117 milhões de euros).

À volta de 774.000 rohingyas fugiram de Myanmar para o Bangladesh desde o início da sua perseguição pelo exército birmanês, em 2017, no âmbito de uma operação que a ONU classificou como limpeza étnica com conotações de genocídio.

Esse número não parou de aumentar desde então, até alcançar os atuais 925.000 refugiados.

Leia Também: Nepal, Paquistão, Índia e Bangladesh elogiam acolhimento de imigrantes cá

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