Comissão de Direitos Humanos etíope fala em 8 mortos no ataque a igreja
Pelo menos oito pessoas morreram no ataque a uma igreja cristã ortodoxa na Etiópia em 04 de fevereiro, disse hoje a Comissão Etíope de Direitos Humanos (EHRC, na sigla em inglês).
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Mundo Etiópia
O anúncio coincide com tensões no seio da Igreja Cristã Ortodoxa e a dois dias de manifestações a pretexto de uma divisão naquela congregação.
Num comunicado divulgado hoje, a EHRC, instituição independente do governo etíope, detalha que em 04 de fevereiro em Shashemene, na região de Oromia, "as forças de segurança e os seus colaboradores fizeram uso desproporcional da força, causando pelo menos oito mortes", provocadas por disparo de balas, "enquanto um número ainda desconhecido de pessoas sofreu vários graus de ferimentos e mutilações e muitos foram detidos".
Um primeiro balanço feito no dia dos incidentes pelo Tewahedo Media Center (TMC), órgão da igreja ortodoxa do país, referia três mortes.
O incidente ocorreu na sequência de tensões dentro da Igreja ortodoxa etíope Tewahedo, depois de bispos rebeldes terem estabelecido o seu próprio sínodo no mês passado na região mais populosa do país, Oromia.
"Espancamentos, intimidações, expulsões de igrejas e detenções ilegais foram perpetradas em várias regiões contra indivíduos e clérigos que se opunham àqueles que diziam ter formado um 'novo sínodo'", denunciou também a EHRC.
A unidade desta Igreja, uma das mais antigas do mundo e que representa cerca de 40% dos 115 milhões de etíopes, está ameaçada.
A Igreja Tewahedo, liderada pelo patriarca Abune Mathias há 10 anos, declarou a divisão ilegal e excomungou os bispos envolvidos.
A congregação também acusou o Governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed, ele próprio da comunidade Oromo, de interferir nos assuntos da Igreja e de fazer declarações que reconhecem o que classifica como "grupo ilegítimo".
A Igreja convocou manifestações para domingo, a dias da cimeira da União Africana na capital, Adis Abeba.
Abiy apelou ao diálogo e disse que os dois lados têm a "sua própria verdade".
Os padres dissidentes acusam a Igreja de discriminação e hegemonia linguística e cultural, argumentando que não fala às congregações em Oromia na sua língua nativa, o que é rejeitado pelo patriarcado.
Na noite de quinta-feira, o acesso às redes sociais Facebook, Messenger, TikTok e Telegram "foi restrito", anunciou hoje o Netblocks, um portal com sede em Londres que observa bloqueios da Internet em todo o mundo.
Hoje o acesso ainda era difícil, segundo um morador de Adis Abeba, citado pela agência France-Presse.
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