Sismo. ONU pede a governo sírio que facilite acesso ao noroeste rebelde
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu hoje ao governo sírio que "deixe a política de lado" e facilite o acesso às áreas rebeldes atingidas no noroeste do país pelos devastadores terremotos.
© Reuters
Mundo ONU
"Deixe a política de lado e façamos o nosso trabalho humanitário", disse o coordenador residente da ONU na Síria, El-Mostafa Benlamlih, em declarações à agência France Presse (AFP).
"Não podemos esperar e negociar. Se esperarmos para negociar, já será tarde demais", acrescentou.
Uma organização não-governamental turco-síria acusou hoje o regime sírio de Bashar al-Assad de continuar a bombardear posições dos rebeldes sírios mesmo depois de estas terem sido afetadas pelos sismos registados na segunda-feira no noroeste da Síria e na Turquia.
"Chegam-nos relatos que dão conta de que há zonas afetadas pelo terramoto e que estão a ser bombardeadas pelo regime sírio. A crueldade do regime sírio continua, não deixa apoiar [as populações afetadas] e tem estado a bloquear todo o tipo de apoios internacionais", disse à agência Lusa Fatih Sanli, diretor executivo da organização não-governamental (ONG) turca SOLARIS, que atua também no norte e noroeste da Síria.
Numa conferência de imprensa virtual, Benlamlih, juntamente com o coordenador humanitário regional da ONU para a crise da Síria, Muhannad Hadi, fizeram hoje um ponto da situação da humanitária no local após o terremoto, que causou já pelo menos 11.200 mortos nos dois países.
Muhannad Hadi disse estar esperançoso de que as entregas de ajuda transfronteiriça crítica da Turquia ao noroeste da Síria possam ser retomadas na quinta-feira, após uma pausa causada pelo sismo.
"Esperamos que amanhã (quinta-feira) possamos entregar algo além da fronteira. Temos um vislumbre de esperança de que a estrada fique acessível e possamos chegar às pessoas. Encontramo-nos agora numa posição muito difícil, lutando contra o tempo, tentando estender a mão", disse.
A passagem de fronteira de Bab al Hawa, que liga a província síria de Idlib à Turquia, é a principal rota de entrega de ajuda humanitária para áreas no noroeste da Síria que permanecem sob controlo rebelde e foram duramente atingidas pelos terremotos de segunda-feira.
Ao mesmo tempo, Hadi explicou que estão a tentar organizar o envio de ajuda desde o interior da Síria, através das linhas da frente, via que costuma ser muito menos utilizada devido às dificuldades de coordenação das diferentes partes no conflito.
Hadi frisou que "a última coisa que o povo sírio precisava" era deste desastre natural, observando que as pessoas estão desesperadas por comida e por aquecimento, face às baixas temperaturas que se sentem na região: "É realmente de partir o coração", disse.
Benlamlih e Hadi evitaram apontar dedos, lembrando que é uma "zona de guerra" e que tudo é muito complicado, mas exortam todas as partes a facilitar o movimento de assistência o mais rápido possível para apoiar os afetados pelos terremotos.
Mais de quatro milhões de pessoas residem nas áreas de oposição de Idlib e Aleppo, a maioria das quais já precisava de ajuda humanitária antes dos terremotos e três milhões delas são deslocadas internamente, muitas delas mulheres e crianças.
O saldo total de vítimas do sismo na Síria ascende a mais de 2.600 mortos e quase 5.000 feridos.
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