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HRW quer pressão do Papa para respeito pelos direitos no Sudão do Sul

A organização Human Rights Watch (HRW) defendeu hoje que o Papa use a visita ao Sudão do Sul para pressionar os líderes políticos a tomarem "medidas concretas" para acabar com os abusos de direitos humanos no país.

HRW quer pressão do Papa para respeito pelos direitos no Sudão do Sul

"Os líderes da igreja deveriam usar a sua visita para enfatizar que já passou muito tempo para os líderes do país implementarem reformas essenciais e acabarem com o sofrimento das pessoas", defendeu o diretor da HRW para África, Mausi Segun.

O Papa Francisco, juntamente com os líderes das igrejas anglicana e presbiteriana, visitam até domingo o Sudão do Sul, uma viagem que, para a organização de defesa dos direitos humanos, deveria ser uma oportunidade para apelar aos líderes locais para que respeitem as vozes dissidentes e abordem a crise de direitos humanos no país.

"Devem também pressionar os líderes do Sudão do Sul a tomarem medidas concretas para acabar com os ataques a civis e para assegurar a responsabilização pelos graves abusos", acrescentou Mausi Segun.

A HRW lembrou que os civis em várias partes do país continuam a enfrentar ataques violentos e que, desde meados de 2022, os confrontos entre grupos armados da oposição e forças governamentais têm sido acompanhados por graves violações dos direitos humanos que levaram a deslocamentos forçados de milhares de pessoas.

A organização denunciou, por outro lado, a impunidade existente para crimes graves cometidos por vários grupos, incluindo forças governamentais e rebeldes, em todo o Sudão do Sul durante o conflito armado e mesmo após a assinatura dos acordos para pôr fim à guerra civil no país.

De acordo com a HRW, o Governo só acusou e responsabilizou "um punhado" de membros das forças de segurança por crimes contra civis.

"As autoridades não investigaram nem responsabilizaram oficiais e milícias aliadas implicadas no planeamento e execução de ataques contra civis em territórios sob o controlo do Exército de Libertação do Povo do Sudão (SPLA-IO), entre fevereiro e maio de 2022", exemplificou a HRW.

De acordo com as Nações Unidas, em resultado desses ataques, pelo menos 44.000 pessoas foram deslocadas, 173 civis desarmados mortos e 131 mulheres violadas, incluindo violações em grupo.

A HRW apontou ainda falhas às autoridades do Sudão do Sul e à Comissão da União Africana (UA) por não terem ainda criado um tribunal híbrido para o Sudão do Sul, previsto nos acordos de paz de 2015 e de 2018, para julgar violações mais graves.

Pendente está também o estabelecimento da Comissão de Verdade, Reconciliação e Cura e da Autoridade de Compensação e Reparação para as vítimas.

Os responsáveis da organização denunciam igualmente "uma diminuição significativa" do espaço cívico no último ano, com relatos de detenções e perseguições de ativistas, membros da oposição, críticos do regime e jornalistas.

"O Papa Francisco e os seus colegas líderes religiosos deveriam exigir a libertação imediata dos trabalhadores dos meios de comunicação detidos e a retirada de quaisquer acusações contra eles", defendeu a Human Rights Watch.

"O clima de medo em que a sociedade civil do Sudão do Sul vive há anos é profundamente angustiante e injustificado", disse Segun.

"Os líderes da Igreja deveriam deixar claro que a abertura do espaço para o diálogo crítico e o debate sobre questões de interesse público será a chave para um futuro mais justo", acrescentou.

Leia Também: Não há "ameaças específicas" à viagem do Papa à RDCongo e Sudão do Sul

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