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Xanana Gusmão faz protesto para evitar despejo de sete famílias em Díli

O líder da oposição timorense e ex-Presidente Xanana Gusmão fez esta segunda-feira um protesto, numa zona de Díli, para travar a execução de um despejo de sete famílias, que alegadamente vivem na zona há mais de 40 anos.

Xanana Gusmão faz protesto para evitar despejo de sete famílias em Díli
Notícias ao Minuto

09:00 - 30/01/23 por Lusa

Mundo Timor-Leste

Xanana Gusmão chegou à aldeia de Becuse Kraik, na zona de Becora em Díli, ao início da manhã, quando equipas do Tribunal Distrital de Díli e efetivos da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) já tinha retirado os pertences das famílias para o exterior das casas.

O líder da oposição timorense sentou-se no exterior de uma das casas, pertencente a Rosalina Alves, criticando o processo de despejo ordenado pelo Tribunal de Díli e afirmando que o pretendia impedir.

"Eu defendo o povo. O povo não entende estas leis", disse, aplaudido pelas famílias. "Vivem aqui há 46 anos. Os tribunais têm que ter em conta a humanidade, os direitos das pessoas."

"Eu não estou contra vocês", disse Xanana Gusmão, referindo-se para os oficiais de justiça. "Eu estou contra a decisão do tribunal".

Durante o protesto e apesar de insistência das autoridades presentes no local, Xanana Gusmão continuou a defender o direito das famílias, alegando que não se estava a fazer justiça e chegando mesmo a voltar a levar os pertences para dentro da casa.

Em causa está um caso que se arrasta há vários anos, com os alegados proprietários do terreno a terem chegado a um acordo com as sete famílias para o pagamento de uma compensação de dois mil dólares cada para abandonar as casas.

Com base nesse acordo, o Tribunal de Díli ordenou o despejo, que as autoridades tentaram executar hoje, alegando que as famílias aceitaram a compensação e que, por isso, deveriam sair das casas.

Manuel Tilman, advogado da família, disse à Lusa ter feito um primeiro recurso devido à ação de despejo e que hoje vai apresentar outro recurso "de embargo da ação executiva".

"Estas pessoas vivem aqui há 46 anos. Os terrenos foram-lhes cedidos pelo seu antigo dono, o senhor Vicente Vidigal. E o código civil refere que quem ocupa terra durante mais de 20 anos, se ninguém reclama, tem direitos", explicou.

"Supostamente uma das pessoas que agora diz que é dono do terreno trabalha no tribunal. Só fomos notificados no sábado de que iam executar o despejo no domingo. Eu disse que não podia ser no domingo e foram lá hoje", afirmou.

Os oficiais de justiça acabaram por abandonar o local ao inicio da tarde.

O caso evidencia as complexidades do tema das terras e propriedades em Timor-Leste, setor cuja regularização está por completar, com várias disputas pendentes, uma situação que afeta significativamente o desenvolvimento económico do país.

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