Extrema-direita cada vez mais forte na Dinamarca, Finlândia e Suécia

As eleições europeias na Dinamarca, Finlândia e Suécia, baluartes do Estado social e dos direitos humanos, são dominadas pelos partidos de extrema-direita, populistas e nacionalistas, e por um debate que oscila entre mais austeridade e o euroceticismo.

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Lusa
11/05/2014 11:17 ‧ 11/05/2014 por Lusa

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Europeias

Na Dinamarca, que vai eleger 13 deputados ao Parlamento Europeu (PE) a 25 de maio, o debate centrou-se na concessão do abono de família aos trabalhadores da UE, a partir do primeiro dia de trabalho em solo dinamarquês, mesmo que a criança resida noutro país.

A diretiva da Comissão Europeia sobrepõe-se à legislação dinamarquesa, na qual se estabelece que os cidadãos dos 28 Estados-membros têm direito aos benefícios da segurança social depois de trabalharem e pagarem impostos na Dinamarca durante dois anos.

Os partidos pró-UE - Sociais-Democratas, Conservadores, Socialistas (SF) e liberais do Venstre - indicaram já estar prontos a opor-se aos 28 nesta questão, perfeita para as ambições dos partidos eurocéticos e populistas.

O Partido Popular dinamarquês, sob a liderança de Morten Messerschmidt, prepara-se para mais um grande resultado.

De acordo com as sondagens, este elemento do grupo parlamentar Europa da Liberdade e Democracia - atualmente dominado pelo eurocético Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) - deverá conseguir eleger mais deputados que o Partido Social-Democrata da primeira-ministra Helle Thorning-Schmidt.

Para os eleitores eurocéticos, sem apetência pelos extremos, a Aliança Liberal é uma alternativa e, apesar de se opôr ao euro, defende o mercado interno e comércio livre, apelando aos jovens ultraliberais e empresários.

Nas europeias de 2009, a participação foi de 59,5%. De acordo com analistas, o que motivou os eleitores foi o referendo, no mesmo dia, sobre o direito de sucessão ao trono. Este ano, haverá um outro referendo sobre a adesão ao tribunal europeu de patentes.

Na Finlândia, a campanha é dominada pelo programa de resgate à Grécia e para Timo Soini, líder do partido de extrema-direita 'Os Finlandeses' (anteriormente denominado 'Verdadeiros Finlandeses'), "se a Grécia não for a questão, o partido fará dela a questão".

Soini tem sido um dos oponentes - secundado pelos partidos no poder - a qualquer contribuição finlandesa para os programas de resgate à Grécia ou para esforços de crise da Comissão Europeia.

Esta questão faz da Finlândia, que vai eleger 13 deputados a 25 de maio, um dos principais contribuintes para a previsão de subida da extrema-direita entre os 28.

Soini não é candidato de 'Os Finlandeses' nas próximas eleições, o que pode explicar a descida do partido para 15,2% nas sondagens. Em 2009, obtiveram 9% dos votos.

A Finlândia é governada por seis partidos: a Coligação Nacional, Sociais-Democratas, Aliança da Esquerda, Verdes, Partido Popular Sueco e Cristãos-Democratas. O que deixa na oposição dois partidos: 'Os Finlandeses' e o Partido do Centro.

O concorrente eurocético mais forte para 'Os Finlandeses' é o Partido do Centro, ao qual pertence o atual comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn.

O apoio aos dois principais partidos do governo, os sociais-democratas e a Coligação Nacional, tem vindo a descer desde o final de 2012, com os sociais-democratas a registarem, em janeiro, uma descida histórica, com apenas 15,5%.

Este cenário tem como pano de fundo uma situação económica preocupante. As indústrias de exportação (IT, metalúrgicas, maquinaria, madeira e pasta de papel) têm perdido terreno e o fim do fabricante Nokia - que recentemente vendeu a unidade de telemóveis à norte-americana Microsoft - foi visto como uma perda considerável.

Em dezembro passado, a taxa de desemprego atingiu os 7,9%, a mais alta em 13 anos, ultrapassando mesmo o valor registado durante o auge da crise do euro de 2008-2009.

Todos os objetivos definidos pelo governo de Jyrki Katainen, como a reforma do sistema de saúde e das pensões, foram adiados e apenas a diminuição da dívida pública continua na agenda.

Na Suécia, a ascensão de os Democratas Suecos (DS), um partido neonazi, xenófobo e populista, domina a cena política. Em outubro de 2010, elegeu 20 deputados ao Riksdag (parlamento), com 6% dos votos.

O atual líder dos DS Jimmie Akesson, eleito em 1995, conseguiu a vitória depois de afastar todos os elementos antidemocráticos, e de identificação com movimentos neonazis. Apesar de uma fachada mais polida, os valores de base mantêm-se e a adesão dos suecos ao partido reforça a ideia de que conhecem e apoiam as ideias dos DS.

As sondagens não apresentam claramente um resultado para este partido, ferozmente anti-UE e ainda sem representação no PE, a 25 de maio. Alguns estudos iniciais atribuíram aos DS um lugar dos 20 destinados à Suécia, outras nenhum.

Desde fevereiro, quando Akesson iniciou uma pré-campanha, os DS parecem estar a perder popularidade, e de 9,5% desceu para 8,2%. Para elegerem deputados, os partidos suecos têm que ultrapassar o limiar dos 4%.

A menos de 20 dias para as europeias, pouco se falou das questões dos 28. Em vez disso, os políticos fazem campanha para as legislativas, em setembro, dominadas pelos temas do desemprego, aumento de impostos e êxito escolar.

As sondagens dão a vitória aos partidos de esquerda, liderados pelo Sociais-Democratas suecos, com 32,9% dos votos (e seis lugares no PE), seguindo-se o Partido Moderado, no poder, com 24,3%.

Até agora, nada nas sondagens indica que o Partido Pirata sueco - a grande surpresa das últimas europeias - permaneça no PE. Criado em maio de 2006, o Partido Pirata elegeu, em 2009, um deputado ao PE.

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