Um homem foi, esta sexta-feira, condenado a 18 meses de prisão por ter publicado mensagens insultuosas nas redes sociais relacionadas com Julen, o menino de dois anos que morreu após ter caído num poço, na província espanhola de Málaga, a 13 de janeiro de 2019.
O condenado, Camilo de Ory, terá ainda de pagar uma indemnização de seis mil euros aos pais da criança pelos danos morais causados, segundo revela o jornal espanhol El Mundo.
O Tribunal Provincial de Madrid considerou que ficou provado que Ory, tanto durante como após a operação de resgate do menino, “estando ciente do resultado fatídico e da situação dramática vivida pelos pais da criança”, publicou ‘tweets’ com o nome da criança “em tom depreciativo, ofensivo e degradante”.
O juiz considerou que as publicações na rede social Twitter, nos dias 20, 22, 23, 24 e 26 de janeiro, “aumentaram injustamente a dor sofrida” pelos pais. “Se é irritante aturar o trabalho do vizinho, imaginem como Julen deve estar farto da perfuração”, “Julen, o esperma de Deus”, “Como pudeste cair tão baixo, Julen?” e “O poço foi feito por um homem, não foi? Bem, é violência machista”, são algumas das publicações feitas pelo agora condenado.
Há ainda registo de outras mensagens como: “Se Julen comesse no Burger King, isto não teria acontecido”, “Enchidos El Pozo, patrocinem este resgate” e “Soluções de habitação Julen”.
BAJO MI ACTUAL CONDICIÓN DE DIPUTADO PROVINCIAL DE CULTURA EN MALAGA, QUIERO MOSTRAR MI MÁS ABSOLUTA REPULSA E INDIGNACIÓN POR LAS REFERENCIAS REALIZADAS SOBRE LA DESGRACIADA MUERTE DE JULEN MANIFESTADAS POR EL INDIVIDUO CAMILO DE ORY, PRODUCTO DE UNA MENTE ENFERMIZA Y DEPRAVADA. pic.twitter.com/ZhGGMsebU7
— Víctor González (@victorggpp) January 28, 2019
Já a 26 de janeiro, quando o corpo do menino foi recuperado, Camilo de Ory escreveu: “Hoje será feito um minuto de silêncio por Julen em todos os campos de golfe”.
O El Mundo afirma que os pais de Julen tiveram conhecimento das publicações através de amigos e família e contactaram o homem, que “nunca se desculpou” e ainda se gabou numa entrevista de ter aumentado o número de seguidores na rede social.
O condenado ainda poderá recorrer da sentença, que foi anunciada no dia que marca o quarto aniversário da morte da criança.
Recorde-se que a criança de dois anos caiu num furo de prospeção de água, com cerca de 100 metros de profundidade e 25 centímetros de largura, quando a família passeava por uma serra numa tarde de domingo, a 13 de janeiro de 2016. O corpo só foi recuperado 13 dias depois, mas a autópsia revelou que o menino morreu no momento da queda.
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