O Ministério da Cultura informou, num comunicado, que a ministra Leslie Urteaga reuniu-se hoje, juntamente com outros integrantes do Executivo, com representantes da Associação Regional dos Povos Indígenas da Floresta Central (ARPI-SC).
A reunião também contou com a presença dos ministros da Habitação e Construção, Hania Pérez de Cuéllar; Meio Ambiente, Albina Ruíz; Desenvolvimento Agrário, Nelly Paredes; Justiça, José Tello, e Energia e Minas, Óscar Vera.
Durante o encontro, foram discutidos temas como o projeto de alteração da Lei Florestal, a atenção prioritária aos serviços básicos para as comunidades nativas e a implantação de um grupo de trabalho entre organizações da floresta central e o executivo para atender às suas reivindicações.
Urteaga admitiu que há "reivindicações históricas" dos povos indígenas que o gabinete de ministros que integra atenderá "com urgência no curto e médio prazo".
"Este gabinete tem objetivos no curto e médio prazo. Assumimos os nossos compromissos em cada setor. No final de janeiro, estaremos em (cidade de) Satipo para formar uma comissão multissetorial", anunciou.
A ministra declarou ainda que haverá "maior intervenção ativa na proteção" dos direitos dos indígenas e sublinhou que o seu gabinete é "a voz (dos nativos) mo executivo", pedindo apoio das organizações "para construir o país que todos querem".
Por sua vez, o presidente da ARPI-SC, Jorge Chauca, afirmou que "o diálogo é a melhor forma de continuar a avançar" e que a área da "floresta central procura a paz".
O Ministério da Cultura acrescentou que o "cuidado intercultural" que oferece visa garantir o exercício dos direitos coletivos dos povos indígenas, reconhecidos na Constituição peruana e nas normas internacionais.
Com os encontros, acrescentou o Ministério, será fortalecido o acompanhamento das ações intersetoriais prioritárias em benefício dos povos indígenas ou nativos da floresta central, promovendo o diálogo e reafirmando o seu compromisso com o atendimento das suas reivindicações .
Também estiveram presentes no encontro vice-ministros e representantes dos ministérios dos Transportes e Comunicações, Saúde, Educação e Desenvolvimento e Inclusão Social.
As organizações indígenas foram representadas pelo presidente da Central das Comunidades Indígenas da Floresta Central (Ceconsec), Teddy Sinacay; e os representantes da Associação de Professores Bilíngues, Nery Pachari Pascual; do Programa de Mulheres ARPI-SC, Maybee Sinacay Tomas, e a chefe da Comunidade Indígena Pucharini, Jude Jumanga Jacinto, entre outros representantes.
As organizações indígenas da Floresta Central ligadas à ARPI-SC e Ornasec estão presentes nas regiões central e sul de Junín, Pasco, Huánuco, Cuzco e Ayacucho.
O Peru atravessa uma crise política e social devido às manifestações que abalam o país desde a destituição do ex-Presidente Pedro Castillo, em 07 de dezembro, que quis dissolver o parlamento para convocar uma assembleia constituinte, criar um Governo de emergência e governar por decreto, o que foi interpretado como uma tentativa de golpe de Estado.
Após a detenção de Castillo, que ficará em prisão preventiva de 18 meses decretada por um tribunal, o poder passou para a vice-presidente, Dina Boluarte, mas os protestos e manifestações continuaram, fazendo 26 mortos, o que levou o novo Governo a decretar o estado de emergência a nível nacional.
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