O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou esta sexta-feira que aguarda uma visita de Estado à Rússia do seu homólogo chinês, na primavera de 2023, assim como pretende aprofundar a cooperação militar bilateral entre os dois países.
Numa declaração de introdução de cerca de oito minutos, numa videoconferência entre os dois líderes, citada pela agência Reuters, Putin falava sobre a importância das relações Rússia e da China está a aumentar como um fator estabilizador e, por isso, pretende aprofundar a cooperação militar entre os dois países.
O Kremlin disse ter como objetivo discutir "problemas regionais", no âmbito da parceria estratégica entre as duas potências, no final de um ano marcado pela invasão russa da Ucrânia, em fevereiro.
"No contexto de pressões e provocações sem precedentes do Ocidente, estamos a defender as nossas posições de princípio", disse Putin, descrevendo as atuais relações com a China como as "melhores da história".
O líder russo disse ainda que estas "resistem dignamente a todos os testes, demonstram maturidade e estabilidade e continuam a expandir-se dinamicamente".
A recusa chinesa de condenar a invasão da Ucrânia e de impor sanções à Rússia, como outros países, tem estreitado ainda mais os laços entre Pequim e Moscovo.
Contudo, Pequim tem rejeitado as ameaças veladas feitas por Putin sobre o uso de armas nucleares em resposta ao auxílio militar prestado à Ucrânia por países ocidentais.
Antes da invasão da Ucrânia, Putin e Xi reuniram-se em Pequim, em 04 de fevereiro, e divulgaram uma declaração conjunta em que denunciaram a influência dos Estados Unidos e o papel das alianças militares ocidentais na Europa e na Ásia como desestabilizadores.
Nos dias seguintes, a diplomacia chinesa acusou os Estados Unidos de inflamarem a ameaça de guerra com declarações sobre a iminência de uma invasão da Ucrânia pelas tropas russas.
Ao contrário do Irão e da Coreia do Norte, que de acordo com os Estados Unidos prestaram ajuda militar à Rússia no conflito da Ucrânia, Pequim evitou tal envolvimento.
Na abertura da reunião com Xi, Putin disse que as relações entre Moscovo e Pequim são um "modelo de cooperação entre grandes potências no século XXI".
"Vemos da mesma forma as causas, o progresso e a lógica das transformações do cenário geopolítico global", acrescentou.
O líder russo destacou que um lugar "especial" nas relações é ocupado pela cooperação técnico-militar entre os dois países, que "contribui para garantir a segurança dos dois países e manter a estabilidade em regiões-chave".
"O nosso objetivo é fortalecer a cooperação entre as forças armadas russas e chinesas", disse Putin, que manifestou intenção de se encontrar pessoalmente com Xi nos próximos meses.
"Esperamos por si, caro senhor presidente, querido amigo, na próxima primavera numa visita de estado a Moscovo. [Isso] demonstraria ao mundo a proximidade das relações russo-chinesas".
Sobre as relações económicas bilaterais, Putin disse que apesar das "restrições ilegítimas e chantagem direta de alguns países ocidentais", Rússia e China conseguiram garantir níveis recordes de trocas comerciais.
Por sua vez, Xi Jinping afirmou que a China está "pronta" para aumentar a cooperação estratégica com a Rússia.
Recorde-se que o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência estatal russa TASS, afirmou que os dois líderes iriam reunir-se hoje, com uma “primeira troca de comentários de boas-vindas pública" e, de seguida, "a conversa continuará à porta fechada, porque o equipamento e as comunicações especiais permitem que seja feita".
O porta-voz disse que Putin e Xi falarão sobre "as relações bilaterais russo-chinesas" e referiu que o volume de negócios entre Moscovo e Pequim está "a crescer rapidamente".
Disse também que os dois líderes irão "trocar opiniões sobre os problemas regionais mais agudos", tanto os que estão "mais próximos" da Rússia, como os que "estão mais próximos da China".
"No espírito de uma verdadeira parceria estratégica, os nossos líderes irão discutir estes problemas", acrescentou, sem mais pormenores.
Apesar de não ter referido especificamente a guerra na Ucrânia, que a Rússia invadiu em 24 de fevereiro deste ano, ou a questão de Taiwan, a alusão aos "problemas mais próximos" de cada um dos países será uma indicação do que poderá estar na agenda desta reunião.
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