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Tunisinos votam em eleições parlamentares que partidos estão a boicotar

Os tunisinos estão hoje a votar para o Parlamento, numa eleição boicotada pela maioria dos partidos, que acusam o Presidente Kais Saied de querer impor um sistema hiper-presidencialista.

Tunisinos votam em eleições parlamentares que partidos estão a boicotar
Notícias ao Minuto

16:51 - 17/12/22 por Lusa

Mundo Tunísia

Na capital, Tunes, observadores dizem que apenas 5,6% dos cerca de nove milhões de pessoas recenseadas tinha votado, no final da manhã, com os analistas a anteciparem que a participação eleitoral pode ficar abaixo dos 30,5% que votaram no referendo organizado este verão por Saied para rever a Constituição.

"Esta é uma oportunidade histórica para recuperarmos os direitos legítimos", defendeu o Presidente, que assume pretender "romper com aqueles que arruinaram o país".

Um novo Parlamento de 161 deputados deve substituir o que Saied suspendeu em 25 de julho de 2021 (e que acabou dissolvido no início de 2022), argumentando que as instituições existentes desde a queda do ex-Presidente Ben Ali, em 2011, durante a Primavera Árabe.

Na sequência destas alterações, Saied impôs um sistema de votação em duas voltas, que os seus opositores criticam por marginalizar a função dos partidos políticos, acentuando de forma exagerada o sistema presidencialista.

Essa é uma das razões que ajuda a compreender por que os partidos políticos estão a boicotar a votação de hoje.

A nova Assembleia dos Deputados terá prerrogativas muito limitadas sob a nova Constituição aprovada em julho passado.

Ao abrigo das alterações defendidas por Saied, o Parlamento não poderá acusar o Presidente e será praticamente impossível censurar o Governo, sendo necessários 10 deputados para propor uma lei, que ficará sempre sob o poder de veto do chefe de Estado.

Para o analista político Hamza Meddeb, "esta votação é uma formalidade para legitimar o sistema político imposto por Kais Saied e concentrar o poder nas suas mãos".

"Os tunisinos sabem que o Parlamento perderá todo o poder", explicou este cientista político.

A principal preocupação dos 12 milhões de tunisinos continua a ser o elevado custo de vida, com uma inflação de quase 10% e a recorrente escassez de alimentos.

Também a poderosa central sindical UGTT considerou desnecessárias estas eleições, chamando a atenção para as graves dificuldades financeiras que afetam o funcionamento dos serviços públicos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) acaba de adiar para o início de janeiro a decisão final de conceder à Tunísia um empréstimo de cerca de dois mil milhões de euros, alegando que o Governo não concluiu o processo de candidatura dentro do prazo.

Leia Também: Tunísia. "Ninguém no estrangeiro pode impor-nos soluções", diz presidente

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