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Republicanos atacam Trump por jantar com Kanye West e líder supremacista

O antigo presidente e candidato presidencial foi criticado pelas aproximações à extrema-direita mais misógina e racista, com muitos dos seus antigos apoiantes a afastarem-se das recentes ligações de Trump.

Republicanos atacam Trump por jantar com Kanye West e líder supremacista

Uma semana depois de Donald Trump ter jantado com Kanye West e um conhecido promotor de teorias supremacistas brancas, os republicanos no Senado norte-americano têm-se distanciado do antigo presidente, e até os aliados mais próximos criticaram a decisão de Trump.

Na passada terça-feira, Kanye West foi visto a entrar no resort de Mar-a-Lago, na Flórida, onde mora Donald Trump, acompanhado por Nick Fuentes, que será conselheiro na campanha presidencial do rapper - West, agora conhecido como Ye, anunciou a sua candidatura à Casa Branca em 2024, apesar de se encontrar envolto em polémicas por comentários antissemitas e sexistas.

Já Fuentes é um conhecido supremacista branco, antissemita, negacionista do Holocausto e promotor de muitas teorias da conspiração, além de ser alvo de muitas acusações de misoginia por ter dito que as mulheres não merecem ter direito ao voto.

Na sexta-feira, Donald Trump procurou afastar-se do grupo que o visitou em Mar-a-Lago, contando o episódio depois do site POLITICO ter avançado com a existência do jantar.

"Na semana passada, Kanye West ligou-me para jantar no Mar-a-Lago. Pouco depois, apareceu sem avisar com três dos seus amigos, sobre os quais não sabia nada. Tivemos jantar na terça-feira à noite com muitos convidados presentes no pátio das traseiras. O jantar foi rápido e desinteressante. Depois eles saíram para o aeroporto", contou o antigo presidente através da sua rede social, a Truth Social, acrescentando que não fazia ideia quem era Nick Fuentes.

No entanto, fontes próximas das três pessoas contaram à NBC que a declaração de Trump está repleta de inconsistências. Trump saberia quem eram os "amigos" de Kanye e terá insultado a ex-mulher de Kanye West, Kim Kardashian, e o jantar foi tão mal recebido nos meios de comunicação mais conservadores que a equipa do antigo presidente tem-se esforçado para valorizar o passado pró-Israel de Trump, de forma a desvalorizar as ligações ao antissemitismo dos seus convidados.

E o próprio Ye desmentiu Trump, publicando um vídeo em que disse que Trump "ficou muito impressionado com Nick Fuentes", considerando-o "fiel" no seu apoio aos ideais do antigo presidente. Ye terá sugerido ainda que Trump fosse o seu 'running-mate' (candidato a vice-presidente). 

No vídeo, Kanye está a falar com Milo Yiannopoulos, o seu diretor de campanha e outro promotor de teorias da conspiração, que se considera um 'ex-gay' e promove ataques contra pessoas da comunidade LGBTQ+.

Decisão "ridícula". "Jantar com aquelas pessoas é nojento"

Na segunda-feira, quase uma semana depois do jantar, os republicanos voltaram ao Senado depois de uma pausa para o Dia de Ação de Graças, e não contiveram as críticas ao antigo presidente.

Mitt Romney, um dos mais proeminentes críticos de Donald Trump dentro do Partido Republicano, atacou as conexões racistas de Trump. "Não há fundo no qual ele não esteja disposto a descer para se degradar, a si e ao país. Ter jantar com aqueles pessoas é nojento", disse à NBC o veterano senador do estado do Utah, um dos poucos republicanos a votar a favor da exoneração do antigo líder quando ainda estava na Casa Branca.

Duas senadores republicanas, Jeni Ernst (Iowa) e Shelley Capito (Vírgina Ocidental), consideraram que a decisão de jantar com extremistas foi "ridícula". "Não sei o que se passa, mas é ridículo que ele tenha feito isso", disse Ernst, enquanto Capito considerou que Trump não devia "sentar-se com alguém que exprime esses pontos de vista".

E Steve Daines, do estado do Montana e que será líder do Comité de Senadores republicanos, esclareceu que "não podemos tolerar antissemitismo". Susan Collins, outra senadora que votou a favor da exoneração de Trump, acrescentou que os conservadores devem "condenar a supremacia branca".

Até Lindsey Graham, senador da Carolina do Sul e um dos mais antigos apoiantes do antigo presidente, não escondeu o seu desconforto. "A reunião foi má, ele não devia ter feito isso. Eu não acho que faça diferença em termos do seu futuro político, mas acredito que temos de ter cuidado com quem reunimos. Não devíamos dar oxigénio a pessoas que pensam dessa forma", vincou Graham, numa divergência rara e forte em relação ao seu antigo patrão no Partido Republicano.

Trump anunciou há duas semanas a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, cargo que perdeu para Joe Biden nas eleições de 2020. O magnata nunca reconheceu a derrota, e as notícias falsas que espalhou sobre alegada fraude eleitoral foram sempre sendo desmistificadas e refutadas pelas autoridades, sendo que o seu papel no ataque ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021 está a ser investigado pela Justiça.

No entanto, muitos republicanos olham cada vez mais favoravelmente para uma candidatura de Ron DeSantis, o governador da Flórida que, apesar de ter ideais conservadores muito próximos de Donald Trump, surge mais limpo de polémicas e de processos judiciais.

Leia Também: Kanye West anuncia que se vai candidatar à presidência dos EUA em 2024

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