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Paquistão. Senador da oposição detido por criticar chefias militares

As autoridades paquistanesas prenderam hoje, pela segunda vez em dois meses, um senador do partido Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI, oposição), do ex-primeiro-ministro Imran Khan, acusado de publicar no Twitter comentários "muito detestáveis" contra altos comandos militares.

Paquistão. Senador da oposição detido por criticar chefias militares
Notícias ao Minuto

13:17 - 27/11/22 por Lusa

Mundo Pakistan Tehreek-e-Insaf

Azam Swati, membro do Senado pelo PTI e colaborador próximo de Khan, foi preso por oficiais da Agência Federal de Investigações (FIA) em Islamabade "por alguns 'twits' polémicos contra o comando militar", disse à agência noticiosa espanhola EFE, Yunus Malik, funcionário da própria força de segurança, sem avançar pormenores.

Segundo a denúncia registada contra o também vice-presidente do PTI, Swati iniciou no Twitter, bem como em três outras contas das redes sociais, "uma campanha cheia de ódio com 'twits' intimidadores [...] contra instituições estatais", incluindo o chefe cessante do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA) paquistanesas, o general Qamar Javed Bajwa. 

Swati já tinha sido detido pela FIA em outubro, após publicar outra declaração polémica no Twitter contra o general, tendo, mais tarde, saído em liberdade.

No entanto, o senador denunciou ter sido torturado durante a detenção, alegando que os agentes o obrigaram a tirar a roupa, filmando-o "completamente nu", além de o chantagear com a publicação de um "vídeo condenável" em que surgia com a mulher num momento da sua vida privada.

Swati foi um dos participantes que, sábado à noite, na manifestação convocada pelo PTI em Rawalpindi, nos arredores de Islamabade, para exigir eleições antecipadas, tendo feito um discurso inflamado em que repreendeu novamente Bajwa face a factos divulgados recentemente que apontam que o general terá aproveitou a influência à frente do Exército para obter grandes somas de dinheiro.

Os documentos foram revelados na semana passada pelo portal de investigação paquistanês 'Fact Focus' e mostraram que a família do general terá supostamente adquirido ativos no valor de 12.700 milhões de rúpias paquistanesas (cerca de 53,800 euros) desde que foi promovido a CEMFA, há seis anos.

O Gabinete de Comunicações do Exército do Paquistão (ISPR) emitiu hoje um comunicado rejeitando as alegações, considerando o relatório "totalmente falso", com base em "mentiras descaradas".

Após publicar a investigação, o portal 'Fact Focus' esteve sem acesso na internet durante mais de 20 horas, decisão que foi criticada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que afirmou que os militares paquistaneses raramente toleram qualquer forma de escrutínio da imprensa".

Bajwa entrará na reforma a partir da próxima segunda-feira e o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, nomeou como sucessor o tenente-general Asim Munir, ex-chefe dos serviços secretos paquistaneses que ocupará um dos cargos mais influentes do país.

Sábado à noite, o ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan insistiu na convocação de eleições antecipadas, naquela que foi a primeira aparição pública desde a tentativa de assassínio de que foi vítima este mês, em que acusou o seu sucessor.

O comício decorreu em Rawalpindi, arredores de Islamabade, urbe controlada pela Liga Muçulmana do Paquistão, aliada do PTI, de Khan, e também uma cidade militar que abriga o quartel-general do poderoso exército paquistanês num contexto particularmente tenso. 

Em 03 deste mês, Khan foi baleado nas pernas durante um outro comício no distrito de Wazirabad, na província oriental de Punjab, desencadeando posteriormente violentos confrontos com a polícia nas principais cidades do país como Islamabade, Carachi, Lahore, Queta, Peshawar, Malakand, Rajanpur, Bahawalnagar e Kohat, entre outras.

Dois dias depois do alegado atentado, Khan acusou o atual primeiro-ministro Shehbaz Sharif, o ministro do Interior, Rana Sanaullah, e um alto oficial militar de planear o assassínio, que já rejeitaram qualquer envolvimento no incidente.

Khan, que, em abril, se tornou o primeiro líder paquistanês a ser derrubado através de uma moção de censura no Parlamento, foi impedido pela comissão eleitoral nacional, em fins de outubro, de se apresentar como candidato à chefia do Governo nas próximas eleições por não ter declarado o dinheiro da venda de presentes oferecidos por líderes internacionais quando estava a comandar o executivo.

O afastamento do cargo, que Khan atribuiu, sem apresentar provas, a uma suposta "conspiração internacional" liderada pelos Estados Unidos, foi precedida por uma crescente tensão política marcada por escândalos financeiros.

Em maio, os protestos organizados por Khan, de 70 anos, degeneraram em caos: a capital foi bloqueada e confrontos estouraram em todo o país entre policiais e manifestantes. A polícia já disse que qualquer tentativa de partidários do PTI de entrar em Islamabade será "firmemente reprimida".

O exército do Paquistão, o sexto maior do mundo, com acesso a armamento atómico num país de cerca de 220 milhões de habitantes, tem uma influência considerável no país, sendo responsável por pelo menos três golpes de Estado desde a independência em 1947, permanecendo no poder por mais de três décadas.

Leia Também: Paquistão. Ex-primeiro-ministro insiste em eleições antecipadas

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