O financiamento inclui uma subvenção de 2,28 milhões de dólares e um empréstimo de 2,84 milhões do mecanismo de apoio à transição, explica o BAD, em comunicado.
"O Conselho de Administração do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento aprovou o financiamento do Programa de Produção Alimentar de Emergência na Libéria. Isto abre caminho para o Governo apoiar os agricultores a aumentar a produção de alimentos resistentes ao clima e mitigar o impacto da guerra em curso na Ucrânia" naquele país, afirma o BAD na nota.
A agricultura é um setor importante na economia da Libéria, com um peso de 26% no PIB do país, refere-se no comunicado, em que se acrescenta que as principais culturas são a borracha, arroz, mandioca, banana e óleo de palma. A mandioca e o arroz são as principais culturas alimentares de base na Libéria.
Mas a produtividade agrícola global daquele país "é baixa", o que se deve não só às fracas infraestruturas básicas, como de equipamentos agrícolas, estradas inadequadas da exploração agrícola para o seus mercados de destino, aplicação limitada de fertilizantes e pesticidas, capacidade inadequada de armazenamento de alimentos, mas também aos conflitos civis no país entre 1989 e 2003 e ao surto de Ébola que ocorreu entre 2014 a 2015.
Com tudo isto, hoje "quase 50% da população da Libéria é considerada como estando em insegurança alimentar, e a desnutrição infantil é persistente - 35% das crianças menores de 5 anos são raquíticas e 15% delas têm peso inferior ao normal", adianta-se na nota do BAD.
O programa de produção alimentar na Libéria constitui um apoio orçamental setorial no âmbito do Mecanismo Africano de Produção Alimentar de Emergência do Banco Africano de Desenvolvimento, que "visa aumentar a produção de alimentos resistentes ao clima para os agricultores africanos, na sequência de choques globais como a guerra na Ucrânia e o aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes", explica a instituição.
Assim, aquele mecanismo fornecerá sementes certificadas "a 20 milhões de pequenos agricultores africanos, aumentará o acesso a fertilizantes agrícolas e permitir-lhes-á produzir rapidamente 38 milhões de toneladas de alimentos", o que representa "um aumento de 12 mil milhões de dólares na produção de alimentos em apenas dois anos".
O programa da Libéria, que será implementado entre 2022 e 2024, permitirá ao Governo, deste modo, "fornecer subsídios diretos [que criam incentivos ao investimento do setor privado no mercado de insumos sem distorcer o mercado], aos agricultores vulneráveis. O financiamento também permitirá ao Governo facilitar o acesso dos agricultores a sementes e fertilizantes melhorados", acrescenta.
"Congratulamo-nos com esta aprovação oportuna e altamente esperada, que melhorará a segurança alimentar e nutricional na Libéria e o ambiente regulador para uma agricultura inteligente em termos climáticos", disse Benedict Kanu, representante do BAD para a Libéria.
"Sendo os liberianos saudáveis o maior bem que o país pode ter, dificilmente qualquer outra prioridade poderia ser mais premente do que abordar a insegurança alimentar para salvaguardar as necessidades calóricas e nutricionais dos liberianos e proteger o seu desenvolvimento humano", afirmou.
O Mecanismo Africano de Produção Alimentar de Emergência já beneficiou 26 países em África com 26 programas no valor de 1,257 mil milhões de dólares (1,207 mil milhões de euros), conclui.
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição financeira de desenvolvimento em África. Presente no terreno em 41 países africanos, com uma representação externa no Japão, o Banco contribui para o desenvolvimento económico e o progresso social dos seus 54 Estados-membros.
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