Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 14º MÁX 21º

Sérvia e Kosovo sem acordo para ultrapassar a atual crise

A Sérvia e o Kosovo falharam hoje em Bruxelas um acordo sobre a crise das matrículas que motivou um agravamento da tensão entre o país balcânico e a sua ex-província, apesar das tentativas de mediação da União Europeia.

Sérvia e Kosovo sem acordo para ultrapassar a atual crise
Notícias ao Minuto

16:49 - 21/11/22 por Lusa

Mundo Kosovo

O Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, confirmou a ausência de um acordo para superar a mais recente crise entre Belgrado e Pristina, e acusou o primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, de intransigência.

"Não conseguimos absolutamente nenhum acordo", disse Vucic em declarações em Bruxelas aos 'media' sérvios, ao acusar o dirigente albanês de "falta de espírito construtivo" após uma reunião de várias horas na capital belga.

Vucic e Kurti reuniram-se num encontro promovido por Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), e por Miroslav Lajcak, enviado especial para o diálogo entre a Sérvia e o Kosovo.

"Hoje ficou claro para a UE e para o mundo quem foi construtivo, quem pretendia um acordo e a preservação da paz e estabilidade, e quem não o queria", assegurou Vucic, admitindo ainda que pela frente vão registar-se "dias muito difíceis".

Vucic e Kurti deveriam garantir um acordo, sob os auspícios da UE, para ultrapassar a crise das matrículas das viaturas que circulam na ex-província sérvia e evitar um possível agravamento.

"A urgente redução da tensão era uma questão de responsabilidade dos dois líderes. Lamentavelmente, hoje não concordaram numa solução", disse Borrel numa declaração aos 'media' após oito horas de reuniões entre os dois líderes.

As prolongadas tensões entre a Sérvia e a sua antiga província do sul, com maioria de população albanesa, agravaram-se nas últimas semanas após a decisão do Governo do Kosovo de proibir a circulação de matrículas emitidas na Sérvia.

O ultimato de Pristina terminava hoje, mas os sérvios kosovares -- uma minoria no Kosovo e que se concentram sobretudo no norte, junto à fronteira com a Sérvia -- continuam a rejeitar a medida, que consideram um forma de reduzir os seus direitos.

De acordo com esta proibição, cerca de 6.300 sérvios do Kosovo que possuem viaturas com matrículas consideradas ilegais por Pristina deveriam ser notificados até hoje, e de seguida multados caso não cumpram a norma exigida. Desta forma, as autoridades albanesas asseguraram que começariam a aplicar a partir de hoje uma multa de 150 euros pelo uso de matrículas sérvias, habituais entre a população sérvia do norte do território.

Pristina indicou ainda que a partir de 21 de abril que apenas será permitido circular com matrículas temporárias emitidas pelas autoridades albanesas kosovares.

Em 05 de novembro, em protesto pelo ultimato, dez deputados sérvios, dez procuradores e 576 oficias da polícia da região de Mitrovica, norte do Kosovo, demitiram-se dos seus cargos em protesto por esta decisão, e que ocupavam no âmbito dos acordos garantidos durante o "diálogo de normalização" promovido pela UE, enquanto dezenas de milhares de pessoas se manifestavam nas ruas.

Os representantes dos sérvios do Kosovo também exigem que Pristina respeite um ponto crucial do acordo de 2013 assinado em Bruxelas e relacionado com a formação de uma associação de municípios sérvios, e que prevê um relativo grau de autonomia.

Belgrado nunca reconheceu a secessão do Kosovo em 2008, proclamada na sequência de uma guerra sangrenta iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os EUA, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência do Kosovo.

A UE considera que a normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo é condição indispensável para uma potencial adesão. No entanto, as negociações mediadas por Bruxelas permanecem num impasse, fazendo recear o regresso à instabilidade mais de duas décadas após o final do conflito.

Leia Também: NATO garante compromisso com estabilidade dos Balcãs Ocidentais

Recomendados para si

;
Campo obrigatório