"Polícia viria" se o que aconteceu em Nova Iorque ocorresse em Copacabana

O juiz conselheiro do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro Gilmar Mendes disse hoje que "houve uma imprevisão" da organização em Nova Iorque sobre manifestações, considerando que, se o que aconteceu na Sexta Avenida ocorresse em Copacabana, a polícia agiria.

Se o que aconteceu em Nova Iorque ocorresse em Copacabana a polícia agiria - Gilmar Mendes

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Lusa
16/11/2022 18:59 ‧ 16/11/2022 por Lusa

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"Houve uma certa imprevisão por parte dos próprios organizadores do evento. Acho que ninguém esperava que houvesse esse tipo de organização" de manifestações durante o evento que ocorreu em Nova Iorque, afirmou Gilmar Mendes, em Lisboa.

O juiz do STF falava à margem do evento organizado pelo FIBE - Fórum de Integração Brasil Europa sobre investimentos em infraestruturas no Brasil, dois dias depois dos protestos nos Estados Unidos da América.

"De alguma forma nós já estamos habituados, também aqui em Liaboa já houve protestos (...), mas não com essa violência", referindo-se a manifestações contra os juízes do STF, ao qual são apontadas muitas críticas pelo papel que desempenha.

Só que, para que as pessoas tenham uma ideia do que se passou, explicou que o carro que levava os juízes conselheiros do STF "foi interrompido" e os manifestantes "batiam no vidro", em plena Sexta Avenida em Nova Iorque. Tudo isto "sem que houvesse nenhuma ação da parte da polícia, uma coisa assustadora", sublinhou.

"Se isso ocorresse em Copacabana, a polícia viria", frisou Gilmar Mendes, manifestando-se indignado.

"Depois foram tomadas providências e a polícia passou a estar no hotel, mas no próprio hotel, antes, pessoas entraram e agrediram colegas, provocação, um ambiente de todo inusitado", acrescentou.

Quanto às manifestações de protesto que estão a ocorrer no Brasil de apoiantes de Jair Bolsonaro, Gilmar Mendes disse que são protestos de "pessoas que se revelam inconformadas com o resultado eleitoral". Mas garantiu que não espera que se agravem até à tomada de posse do novo Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva. "São bolhas", chamou-lhes.

Na segunda-feira, juízes do STF do Brasil foram insultados e assediados pelas ruas de Nova Iorque.

"Eu acho esses protestos antidemocráticos, não civilizados e não contribuem para o clima que queremos para o nosso país, e no próprio mundo", disse, à imprensa brasileira em Nova Iorque, o juiz Ricardo Lewandowski.

"A liberdade de manifestação é totalmente livre, o que não vale é agressão, a tentativa de perturbação de um evento que se realiza com normalidade", afirmou, na mesma ocasião, o juiz Gilmar Mendes.

Além de Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, e o ex-presidente brasileiro Michel Temer foram ofendidos por apoiantes de Bolsonaro ao longo daquele dia em Nova Iorque.

Em Nova Iorque, para participarem numa conferência, estas personalidades brasileiras foram vítimas de insultos e assédios por parte de manifestantes brasileiros, que se recusam a aceitar a derrota de Jair Bolsonaro, em vários lugares, como à porta dos seus hotéis, enquanto passeavam pelas ruas da cidade, ou mesmo em restaurantes, como mostram vídeos partilhados nas redes sociais.

O STF emitiu uma nota na qual repudiou os ataques sofridos por ministros da Corte, em Nova Iorque.

"A democracia, fundada no pluralismo de ideias e opiniões, a legitimar o dissenso, mostra-se absolutamente incompatível com atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão", salientou.

Logo depois do resultado eleitoral de 30 de outubro, camionistas encetaram centenas de bloqueios de estradas por todo o país nos três dias após as eleições, mas levantaram os protestos após Bolsonaro ter apelado aos seus apoiantes para que não cortassem a livre circulação dos cidadãos.

Em 02 de novembro, um feriado público, milhares de pessoas manifestaram-se fora dos quartéis militares nas principais capitais do Brasil para pedir um golpe de Estado contra os resultados eleitorais.

Embora a intensidade dos protestos tenha diminuído significativamente desde então, alguns pequenos grupos ainda insistem em manifestar-se em frente a quartéis espalhados pelo país apelando aos militares para atuarem contra o resultado eleitoral.

Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos.

Lula da Silva assumirá novamente a Presidência do Brasil em 01 de janeiro de 2023 para um terceiro mandato, após ter governado o país entre 2003 e 2010.

Leia Também: "Antidemocráticos". Juízes brasileiros insultados acusam manifestantes

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