Blanca Izaguirre, responsável da Comissão Nacional de Direitos Humanos do país da América Central, explicou em comunicado que as crianças são um dos setores da população hondurenha "mais vulnerável direta e indiretamente" devido ao deslocamento forçado.
A mesma fonte alertou para os perigos que as crianças hondurenhas enfrentam diariamente, onde estão "desprotegidas pelo Estado, suscetíveis a serem incorporadas por gangues ou grupos de crime organizado, conhecidos como "maras", e veem famílias inteiras, que se opõe à entrada dos seus filhos nas atividades criminosas desses grupos, serem ameaçadas.
Izaguirre destacou que a deslocação forçada de menores deve ser motivo de reflexão por parte das autoridades, a quem exortou a tomar "medidas imediatas para evitar que mais crianças continuem a fugir" dos seus locais de origem.
A responsável por esta organização apelou repetidamente ao Congresso Nacional (Parlamento) das Honduras que discuta e aprove a Lei de Prevenção, Atendimento e Proteção de Deslocados Internos.
"Instamos a discussão e aprovação da referida lei para garantir uma resposta integral à população deslocada e às comunidades afetadas pela violência e deslocamento forçado", salientou Izaguirre.
A aprovação desta lei contribuirá "para o estabelecimento de mecanismos de proteção às crianças e à população em geral", acrescentou.
Para Blanca Izaguirre, a lei permitirá também a formulação de uma política nacional para prevenir as causas de deslocamento, esclarecer os critérios de competências e papéis das instituições e a complementaridade com organizações da sociedade civil e organizações internacionais.
"Não se justifica como, nas atuais circunstâncias de violência do país, nós hondurenhos estamos a ser privados do recurso humano mais valioso: as crianças", enfatizou.
Entre 2019 e 2021, a organização de direitos humanos tratou 2.775 casos de deslocamento forçado ou em risco de deslocamento, que afetaram 6.675 pessoas, das quais 1.162 eram crianças e adolescentes.
Segundo estes dados, 58% dos menores foram deslocados por ameaças, 13% por assassinato de um familiar, 11% por extorsão, 5% por medo de serem recrutados por gangues, 5% por tentativa de homicídio e 5% por violência doméstica e desapropriação da sua casa.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos relatou ainda que em 69% dos casos de crianças e adolescentes deslocados ou em risco de deslocamento, o principal culpado foram grupos ou gangues, 22% uma pessoa desconhecida, 5% grupos criminosos e 4% pessoas conhecidas.
Este órgão hondurenho agradeceu também os esforços do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e das agências de cooperação internacional que apoiam Honduras para dar uma resposta às vítimas ou àqueles que estão em risco de deslocamento.
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