O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, criticou, no sábado, a decisão da Rússia de suspender a sua participação no acordo sobre as exportações de cereais a partir dos portos ucranianos e pediu a saída do país invasor do G20.
Na sua comunicação diária ao país, o chefe de Estado ucraniano afirmou que a declaração era “bastante previsível” e que a Rússia “começou deliberadamente a agravar a crise alimentar em setembro”.
“Esta decisão não é de agora. A Rússia começou deliberadamente a agravar a crise alimentar em setembro, quando bloqueou a circulação de navios com os nossos alimentos”, frisou, acrescentando que desde então “176 navios acumularam-se no corredor de cereais e não podem seguir a sua rota”.
Acusando a Rússia de querer “devolver a ameaça de fome em grande escala à África e à Ásia”, Zelenksy, afirmou que “dois milhões de toneladas de alimentos estão no mar”, o que significa que o “acesso aos alimentos piorou efetivamente para mais de sete milhões de consumidores”.
“É agora necessária uma forte resposta internacional. Tanto a nível da ONU como a outros níveis. Em particular, a nível do G20”, apelou o chefe de Estado ucraniano. “Como pode a Rússia estar entre o G20 se está deliberadamente a trabalhar para a fome em vários continentes? Isto é um disparate. A Rússia não tem lugar no G20”.
A Rússia anunciou, no sábado, a suspensão da sua participação no acordo sobre as exportações de cereais dos portos ucranianos após um ataque de 'drones' (aeronaves não tripuladas e controladas remotamente) que visou a frota russa estacionada na baía de Sebastopol, na Crimeia anexada.
A ONU comunicou estar a envidar esforços para preservar o acordo, com a Ucrânia a acusar a Rússia do "falso pretexto" do ataque na Crimeia para justificar a suspensão do convénio, pressionando Moscovo para que "respeite as suas obrigações".
O acordo, concluído em julho sob a égide da ONU e da Turquia, permitiu a exportação de vários milhões de toneladas de cereais retidos nos portos ucranianos desde a invasão russa em fevereiro, o que fez com que os preços dos alimentos disparassem, aumentando o receio da fome.
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