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Aumentam as críticas ao Mundial no Qatar. Afinal, o que está em causa?

Violência contra a comunidade LGBTQI+, morte de trabalhadores, violação de direitos humanos e altas emissões de dióxido de carbono são alguns dos temas e discussão.

Aumentam as críticas ao Mundial no Qatar. Afinal, o que está em causa?
Notícias ao Minuto

11:55 - 25/10/22 por Marta Amorim

Mundo Mundial 2022

São esperados mais de um milhão de turistas no Qatar para o Mundial 2022, mas as críticas sobre o contexto social e questões relacionadas com Direitos Humanos têm subido de tom e muitas vozes admitem não visitar o país, criticando a escolha. 

As leis do Qatar são claras e apelam à discriminação e violência contra a comunidade LGBTQI+, sendo esse um dos temas mais comentados.

No esforço para criar infraestruturas que aportem o evento, já terão morrido mais de seis mil pessoas que trabalhavam nas obras. 

O Mundial 2022 terá investimento recorde - cerca de 220 mil milhões de euros - para para construir sete estádios, hotéis, estradas, um sistema de Metro, um novo aeroporto, infraestruturas hospitalares e centros comerciais. 

Mas as críticas não se ficam por aqui. Apesar das promessas da FIFA de que este seria o primeiro Mundial neutro em carbono, o Qatar é um dos maiores países emissores de dióxido de carbono ‘per capita’ - agravado pelo esforço recente de construção.

As regras restritas no país também serão uma preocupação neste Mundial, pese embora o Qatar se tenha mostrado disponível para flexibilizar algumas delas. 

Quem são as vozes que criticam?

De figuras do desporto a países, muitas são as críticas sobre o polémico Mundial. O antigo internacional francês Éric Cantona considerou, numa publicação nas redes socias, que o torneio é uma “aberração ecológica” e garante que não verá um único jogo.

"Primeiro, o Qatar não é um país de futebol. Não há fervor, não há paixão. (…) Depois, porque é uma aberração ecológica, com o ar condicionado nos estádios… que loucura, que estupidez! Mas, acima de tudo, o horror humano, com as milhares de mortes durante a construção dos estádios, só para entreter a plateia durante um mês… e ninguém quer saber”, escreveu. 

Também o selecionador alemão Hansi Flick disse numa entrevista ao  Frankfurter Rundschau que este não é um evento para os adeptos. 

“[Tenho amigos] que gostariam de viajar para o Qatar, mas que não o farão por diversas razões. O futebol deve existir para todos. É por isso que digo que este não é um Mundial para os adeptos”, asseverou. 

Ainda da Alemanha, o antigo internacional Philipp Lahm, cjá veio dizer que não integrará a comitiva germânica na viagem para o Qatar.

“Prefiro acompanhar o torneio em casa. Os direitos humanos deveriam ser a principal preocupação quando é atribuída a organização de um torneio. Se um país que tem um dos piores registos nesta matéria é o escolhido, começas a questionar os critérios usados para a decisão”, afirmou o ex-futebolista, numa entrevista à Kicker. 

De França, o boicote é mesmo real e as cidades de Marseille, Lille, Bordéus, Reims, Nancy, Rodez e Paris já comunicaram a intenção de não ter espaços públicos nem ecrãs gigantes para transmitir os jogos.

Esta segunda-feira, a Câmara de Lisboa aprovou uma moção do Livre que condena alegadas violações de direitos humanos na organização do Mundial 2022 no Qatar e recomenda que os representantes do município “não aceitem convites” para se deslocarem ao país.

Também a Hummel - marca responsável pela produção dos equipamentos da seleção da Dinamarca para o Mundial - se manifestou. 

"Esta camisola carrega uma mensagem. Não queremos ser visíveis durante um torneio que custou a vida a milhares de pessoas. Apoiamos a seleção dinamarquesa a todos os níveis, mas não o Qatar como organizador", escreveu a marca alemã na rede social Twitter.

A longa lista de coisas que não se pode fazer e cuidados a ter

Tenha muito cuidado ao levar medicação para o Qatar. Deverá ter consigo a prescrição ou uma nota do médico onde terá que constar a substância, quantidade e dosagem. No site dos serviços consulares portugueses no Qatar poderá encontrar mais informações

Também não é permitido levar para o Qatar material religioso, pornográfico nem cigarros eletrónicos.

No que toca à roupa, as mulheres não têm de cobrir o cabelo mas é esperado que homens e mulheres  se vistam “com modéstia”, cobrindo joelhos e ombros bem como evitar roupa justa. Nas praias e piscinas dos hotéis é permitido usar biquíni, mas nas praias públicas é proibido.

Quanto às bebidas alcoólicas, algo tão apreciado em ambientes com adeptos, este é estritamente proibido em público, sendo que quem o consumir, pode incorrer numa multa de 800 euros e até uma pena de até 6 meses de prisão. 

Para o Mundial, e apenas para o Mundial, vai ser permitida a venda e o consumo de álcool, dentro de certos horários, em zonas criadas especificamente para os adeptos. Apesar de o plano inicial nãos ser este, a FIFA já veio dizer que nos estádios também vai ser possível consumir bebidas alcoólicas, mas nunca durante os jogos. 

Cuidado com os gestos. Chamar um empregado como vulgarmente fazemos em Portugal é considerado ofensivo, tal como fazer o gesto de "fixe". Dizer asneiras também pode acabar em prisão. 

Manifestações de afeto também são mal vistas e podem igualmente culminar em prisão. Beijar, abraçar ou andar de mãos dadas é proibido no Qatar e o comité organizador do Mundial já pediu que os casais não se esqueçam da regra. No Qatar, quem não for casado não pode viver junto mas as autoridades já fizeram saber que durante o Mundial 2022 será permitido que namorados ou amigos partilhem o mesmo quarto de hotel.

Já a homossexualidade - um dos grandes temas deste Mundial - é absolutamente ilegal e o país prevê pena de morte para estes casos.

Cuidado com as fotografias. É proibido fotografar ou filmar edifícios governamentais, militares ou zonas industriais. Em caso de dúvida, é sempre melhor pedir permissão para evitar enfrentar graves consequências. Também aqui os jornalistas que cobrem o evento terão de ter muito cuidado com o que filmam. 

Cuidado com as mãos. Nunca use a mão esquerda para comer ou cumprimentar, uma vez que os catarianos reservam a mão esquerda para a higiene pessoal e tal uso seria falta de educação. 

De acordo com a agência Reuters, as autoridades do Qatar estão a preparar-se para mostrar “tolerância” e “flexibilidade” com os adeptos do Mundial 2022 em relação a pequenos delitos, como embriaguez e desordem.

"Os delitos menores não resultarão em multa ou prisão, mas a polícia será instruída a ir até uma pessoa e pedir que ela obedeça... Alguém que remover uma camisola em público será solicitado a coloca-la de volta", revela uma fonte policial à Reuters. 

Recorde-se ainda que os cidadãos que pretendam deslocar-se ao Qatar entre 1 de novembro de 2022 e 23 de janeiro de 2023 devem também instalar no telemóvel a aplicação Hayya - possível 'spyware' - um requisito exigido para entrar no país, mesmo para quem não tencione assistir ao Campeonato do Mundo de Futebol.
 
A fase final do Mundial vai ser disputada entre 20 de novembro a 18 de dezembro por 32 seleções. Portugal integra o grupo H, com Uruguai, Coreia do Sul e Gana.

Leia Também: Mundial à porta e Qatar a sugerir "terapias de conversão" a transgéneros 
 

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